Funcionária que denunciou secretário está envolvida em fraude, diz Haddad
Prefeito afirma que a auditora fiscal do município Paula Sayuri Magamati também fez parte do esquema de corrupção dentro da prefeitura
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, afirmou nesta quarta-feira que a auditora fiscal do município Paula Sayuri Magamati, denunciante do secretário de governo Antonio Donato, está envolvida no esquema de corrupção dentro da prefeitura da capital paulista. De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, ela afirmou em depoimento ao Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) que Donato recebeu dinheiro dos servidores que estão presos temporariamente e de Luis Alexandre Magalhães, solto por delação premiada na última segunda-feira.
Ainda de acordo com o jornal, Paula, subordinada do servidor Ronilson Bezerra Rodrigues, diz que ele chegou a procurar Donato "por diversas vezes". Ela conta ainda que ouviu Ronilson dizer que apoiou a campanha de Donato para vereador de São Paulo.
"O que sei dessa Paula é que ela estava junto no esquema, além de ser chefe de gabinete do ex-secretário. Tem que relativizar de onde veio a informação, mas toda denúncia tem que ser investigada. Penso que essas pessoas estão envolvidas, porque existe o núcleo duro dos quatro fiscais, que era uma verdadeira quadrilha, mas existem agregados, que também têm interesse em tumultuar o processo - e, no caso dela, é mais grave porque era chefe de gabinete da Secretaria de Finanças e tem uma relação próxima com o Ronilson", afirmou o prefeito da capital. "A fonte (da informação) é a quadrilha", completou.
Haddad afirmou que prefere confiar nas palavras de Donato, que disse não estar envolvido, a acreditar em criminosos. "Não sei o que estão tentando fazer, mas vão ter que se explicar. Ou provam o que fizeram, ou respondem por calúnia. Entre um criminoso confesso e uma pessoa de bem, eu fico com a pessoa de bem até que se prove o contrário, mas a quadrilha tem que ser monitorada, tudo o que diz e fala."
Apesar de defender seu secretariado, o prefeito afirmou que o Ministério Público tem todo direito de investigar quem achar necessário, inclusive Antonio Donato. “Ele não era servidor da prefeitura, mas o MP tem direito de investigar quem quer que seja. Temos que levar em consideração que é o núcleo da quadrilha que emite esses juízos. São pessoas que têm interesse próprio. Vamos com cautela porque são pessoas que confessaram ter participado dos crimes", afirmou.
Haddad disse ainda que já determinou que a investigação se estenda para paraísos fiscais, já que recebeu informações de que os envolvidos possuem contas no exterior. "Quando se trata de empresas multinacionais, vamos contar com ajuda das autoridades dos países sede dessas empresas. Vamos atuar no exterior e já determinei para começar a rastrear contas no exterior porque há informações de contas no exterior. Pode acontecer que esses R$ 80 milhões em patrimônio sejam só uma parte. Vamos verificar contas bancárias em paraísos fiscais", afirmou o prefeito.
A prefeitura estima que o esquema tenha causado prejuízo de R$ 500 milhões em impostos que não foram recolhidos, e que cada um dos participantes faturava entre R$ 60 mil e R$ 80 mil por semana há pelo menos quatro anos. Foram presos Luis Alexandre Magalhães, Eduardo Horle Barcellos, Ronilson Bezerra Rodrigues e Carlos Augusto di Lallo Leite do Amaral.