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Política

Furto, agressões e ato obsceno: veja crimes cometidos em acampamento de golpistas

Relatório da intervenção federal na Segurança Pública do DF aponta ao menos 73 ocorrências no local em pouco mais de dois meses

28 jan 2023 - 12h42
(atualizado às 13h12)
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DF BSB 29/12/2022 NACIONAL Apoiadores do Presidente da República, Jair Messias Bolsonaro (PL), inconformados com a derrota do seu candidato para o petista, Luiz Inácio Lula da Silva, durante as eleições presidênciais de 2022, permanecem acampados em frente Quartel General do exército (QG) em Brasília-DF. WILTON JUNIOR / ESTADAO
DF BSB 29/12/2022 NACIONAL Apoiadores do Presidente da República, Jair Messias Bolsonaro (PL), inconformados com a derrota do seu candidato para o petista, Luiz Inácio Lula da Silva, durante as eleições presidênciais de 2022, permanecem acampados em frente Quartel General do exército (QG) em Brasília-DF. WILTON JUNIOR / ESTADAO
Foto: ESTADAO / undefined / Estadão

O acampamento montado por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, na frente do Quartel-General do Exército, em Brasília, para contestar o resultado eleitoral e pedir um golpe militar registrou ao menos 73 crimes. A informação consta do relatório divulgado pelo gabinete do interventor federal na Segurança Pública do Distrito Federal, Ricardo Cappelli.

Em dois meses, desde a instalação, em 1.º de novembro, até o desmonte, em 9 de janeiro, o acampamento registrou em média mais de uma ocorrência por dia. Na lista, há 20 crimes contra a honra, 19 furtos, 13 lesões corporais, seis crimes de dano, três acidentes de trânsito com vítima e um ato obsceno. Outras 11 notificações não foram especificadas no documento divulgado nesta sexta-feira, 27.

O interventor federal atribuiu "centralidade" aos manifestantes do QG nos atos golpistas do dia 8, quando bolsonaristas invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes, com rastro de destruição pelo Palácio do Planalto, Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo Cappelli, o acampamento era um ambiente "onde circularam criminosos", e eventos como a tentativa de explosão de bomba e bloqueio de aeroporto passaram "de uma forma ou de outra" pelo local.

Crimes no acampamento

A incidência mais comum, de crimes contra a honra, refere-se a atos de calúnia, difamação ou injúria. O crime de calúnia pode render de seis meses a dois anos de prisão e multa, segundo o Código Penal, enquanto a difamação tem pena de detenção de três meses a um ano e multa. A injúria pode render de um a seis meses de prisão ou multa e pode ter a pena aumentada caso haja emprego de violência ou discriminação.

O crime de lesão corporal é punido com três meses a um ano de prisão. A pena é aumentada quando a violência resulta em um quadro grave ou é cometida contra a mulher. Já o dano é considerado crime contra qualquer "coisa alheia", não especificada no documento, e pode render detenção de um a seis meses ou multa - o dano é qualificado quando é cometido contra o patrimônio público.

Também não foram fornecidos mais detalhes sobre os furtos, os acidentes de trânsito com vítima e o ato obsceno descritos na peça.

BOLSONARISTAS BRASILIA DF 08/01/2023 BOLSONARISTAS/INVASÃO SEDES DOS TRÊS PODERES - NACIONAL - OE - Grupos de Bolsonaristas radicais invadirem as sedes dos três Poderes hoje em Brasilia-DF. FOTO: WILTON JUNIOR / ESTADÃO
BOLSONARISTAS BRASILIA DF 08/01/2023 BOLSONARISTAS/INVASÃO SEDES DOS TRÊS PODERES - NACIONAL - OE - Grupos de Bolsonaristas radicais invadirem as sedes dos três Poderes hoje em Brasilia-DF. FOTO: WILTON JUNIOR / ESTADÃO
Foto: ESTADAO CONTEUDO / ESTADAO CONTEUDO / Estadão

Falhas de segurança

Ao longo de 62 páginas, o relatório da intervenção federal detalha a ação dos radicais e aponta falhas no trabalho da Secretaria de Segurança Pública do DF para desmobilizar os manifestantes. A avaliação é de que o acampamento dos bolsonaristas na frente do QG do Exército teve uma "complexa e engenhosa organização", com cozinhas coletivas, banheiros com chuveiro quente, geradores de energia e uso de rádios-comunicadores.

Essa estrutura teria servido de "apoio logístico e local de concentração" para os radicais que atacaram as sedes dos Poderes, em 8 de janeiro. "O acampamento, desde a sua instalação, foi elemento crucial para o desenvolvimento das ações de perturbação da ordem pública que culminaram nos atos", aponta o material.

O governo do DF chegou a organizar um plano de ação para retirar os manifestantes do acampamento, mas a operação foi cancelada por determinação do Exército.

O interventor afirma ainda que, apesar de informações sobre o risco de protestos terem sido encaminhadas por órgãos de inteligência e pela Polícia Militar do DF, o efetivo de agentes mobilizado pelo comando estadual foi "insuficiente" para conter os manifestantes.

Os crimes:

  • 19 furtos
  • 20 crimes contra a honra (injúria, calúnia e difamação)
  • 13 lesão corporal e vias de fato
  • 6 danos
  • 3 acidentes de trânsito com vítima
  • 1 ato obsceno
  • 11 outros não especificados
Estadão
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