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Política

G20: em meio a tensão por espionagem, Dilma e Obama ficam lado a lado

Presidente brasileira sentou ao lado do líder americano na cerimônia de abertura da Cúpula do G20, na cidade russa de São Petersburgo

5 set 2013 - 11h39
(atualizado às 14h33)
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Em meio a tensão por espionagem, presidentes Dilma Rousseff e Barack Obama sentam lado a lado em reunião do G20 na Rússia
Em meio a tensão por espionagem, presidentes Dilma Rousseff e Barack Obama sentam lado a lado em reunião do G20 na Rússia
Foto: Pablo Martinez Monsivais/Pool / Reuters

A presidente Dilma Rousseff e e o presidente americano, Barack Obama, sentaram-se lado a lado na sessão de abertura da 8ª Cúpula do G20 (que engloba as maiores economias mundiais), em São Petersburgo, na Rússia. A sessão foi aberta pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin, que está no comando do G20. A cúpula reúne os principais líderes políticos mundiais. A expectativa é que Dilma e Obama conversem sobre as denúncias de espionagens envolvendo agências norte-americanas.

A conversa ocorre no momento em que Dilma cancelou a viagem da equipe precursora (de funcionários da Presidência da República) destinada a preparar sua visita com honras de chefe de Estado, em outubro, a Washington, nos Estados Unidos.

Nos últimos dias, o embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Thomas Shannon, foi convocado duas vezes pelo Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) para prestar explicações sobre as denúncias de espionagem, por agências norte-americanos, às comunicações internas do Brasil, inclusive a dados da presidente da República, assessores e cidadãos.

Na semana passada, o embaixador passou cerca de uma hora com o ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo Machado. Na conversa, Figueiredo cobrou explicações "formais e por escrito" dos norte-americanos até o final desta semana. Na reunião com Shannon, Figueiredo disse ainda que as suspeitas sobre o Brasil envolvendo riscos à democracia e solidez do Estado Brasileiro são inadmissíveis.

"O Brasil é um país democrático, um Estado sólido, em uma região democrática e sólida, que busca a convivência com seus parceiros de forma amistosa. Não se pode admitir nem em sonho que é um país de risco ou problemático", disse Figueiredo.

O governo brasileiro classificou o episódio de inadmissível e inaceitável, expressões usadas tanto por Figueiredo como pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, pela suposta espionagem à presidente.

Monitoramento
Reportagem veiculada no último domingo pelo programa Fantástico, da TV Globo, afirma que documentos que fariam parte de uma apresentação interna da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos mostram a presidente Dilma Rousseff e seus assessores como alvos de espionagem.

De acordo com a reportagem, entre os documentos está uma apresentação chamada "filtragem inteligente de dados: estudo de caso México e Brasil". Nela, aparecem o nome da presidente do Brasil e do presidente do México, Enrique Peña Nieto, então candidato à presidência daquele país quando o relatório foi produzido.

O nome de Dilma, de acordo com a reportagem, está, por exemplo, em um desenho que mostraria sua comunicação com assessores. Os nomes deles, no entanto, estão apagados. O documento cita programas que podem rastrear e-mails, acesso a páginas na internet, ligações telefônicas e o IP (código de identificação do computador utilizado), mas não há exemplos de mensagens ou ligações.

Espionagem americana no Brasil
Matéria do jornal O Globo de 6 de julho denunciou que brasileiros, pessoas em trânsito pelo Brasil e também empresas podem ter sido espionados pela Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (National Security Agency - NSA, na sigla em inglês), que virou alvo de polêmicas após denúncias do ex-técnico da inteligência americana Edward Snowden. A NSA teria utilizado um programa chamado Fairview, em parceria com uma empresa de telefonia americana, que fornece dados de redes de comunicação ao governo do país. Com relações comerciais com empresas de diversos países, a empresa oferece também informações sobre usuários de redes de comunicação de outras nações, ampliando o alcance da espionagem da inteligência do governo dos EUA.

Ainda segundo o jornal, uma das estações de espionagem utilizadas por agentes da NSA, em parceria com a Agência Central de Inteligência (CIA) funcionou em Brasília, pelo menos até 2002. Outros documentos apontam que escritórios da Embaixada do Brasil em Washington e da missão brasileira nas Nações Unidas, em Nova York, teriam sido alvos da agência.

Logo após a denúncia, a diplomacia brasileira cobrou explicações do governo americano. O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, afirmou que o País reagiu com “preocupação” ao caso.

O embaixador dos Estados Unidos, Thomas Shannon negou que o governo americano colete dados em território brasileiro e afirmou também que não houve a cooperação de empresas brasileiras com o serviço secreto americano.

Por conta do caso, o governo brasileiro determinou que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) verifique se empresas de telecomunicações sediadas no País violaram o sigilo de dados e de comunicação telefônica. A Polícia Federal também instaurou inquérito para apurar as informações sobre o caso.

Após as revelações, a ministra responsável pela articulação política do governo, Ideli Salvatti (Relações Institucionais), afirmou que vai pedir urgência na aprovação do marco civil da internet. O projeto tramita no Congresso Nacional desde 2011 e hoje está em apreciação pela Câmara dos Deputados.

Agência Brasil Agência Brasil
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