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Política

Gleisi nega aproximação com Ciro e exige pedido de desculpas

Ex-presidente Lula e ex-ministro retomam diálogo, mas não traçam estratégia eleitoral conjunta

29 out 2020 - 17h42
(atualizado às 17h46)
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Após a notícia de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-ministro Ciro Gomes se encontraram em setembro e fizeram as pazes, a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, condicionou a reaproximação entre as duas maiores lideranças da esquerda no Brasil a um pedido público de desculpas do pedetista ao PT.

Gleisi nega aproximação com Ciro e exige pedido de desculpas
Gleisi nega aproximação com Ciro e exige pedido de desculpas
Foto: Ricardo Stuckert / Instituto Lula

"Lula é um homem generoso, de coração grande. Mas eu, particularmente, penso que qualquer aproximação com Ciro Gomes passa por um pedido público de desculpas dele ao Lula e ao PT, pelo que ele disse, principalmente ao Lula", disse Gleisi.

A pedido de Lula o encontro estava sendo mantido em sigilo para não melindrar a base petista, que elegeu Ciro como adversário, às vésperas da eleição municipal. A assessoria do petista não quis comentar o assunto.

Gleisi também cobrou de Ciro um "gesto" pedindo o fim dos ataques do PDT à candidata petista à prefeitura de Fortaleza, Luiziane Lins. "Qualquer gesto que contribua para unir a oposição é importante. Espero que os Ferreira Gomes façam um gesto nesta direção, pedindo a seu candidato em Fortaleza para cessar os ataques à candidata do PT, Luiziane Lins", disse Gleisi à radio Arapuan FM de João Pessoa (PB).

Luiziane ocupava a segunda colocação nas pesquisas, atrás do líder Capitão Wagner (PROS), mas foi ultrapassada pelo candidato dos Ferreira Gomes, José Sarto, no levantamento do Datafolha divulgado nesta quarta-feira, 28. Fortaleza é uma das únicas capitais em que o PT tem chance real de vitória.

Lula e Ciro se encontraram em setembro na sede do Instituto Lula, em São Paulo, e conversaram durante toda a tarde. O encontro, revelado pelo jornal O Globo, foi intermediado pelo governador do Ceará, Camilo Santana, petista e aliado da família Ferreira Gomes no Estado.

Somente os três participaram da conversa. Segundo interlocutores de Lula e Ciro, os dois falaram superficialmente sobre a necessidade de união da esquerda para com bater o bolsonarismo, mas não chegaram a traçar planos ou estratégias eleitorais com juntas.

Mesmo assim o encontro gerou expectativas de que possa ter repercussões concretas ainda no segundo turno das eleições municipais deste ano e em 2022. "Isso sinaliza a necessidade de unidade das esquerdas no Brasil. Espero que este encontro tenha uma projeção para 2022 e também para o segundo turno das eleições deste ano", disse o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), secretário-geral do partido.

Ciro e Lula não se falavam desde 2018, quando ocuparam lados opostos na disputa presidencial. O PT chegou a oferecer a Ciro a posição ocupada por Fernando Haddad de vice que se tornaria cabeça de chapa com o impedimento de Lula pela Justiça Eleitoral. Depois disso o pedetista, que foi ministro no governo petista, passou a explorar o espaço de opção ao petismo na esquerda.

Desde então a escalada de ataques verbais aumentou. O mais notório foi quando, em um evento da campanha de 2018, Cid Gomes, irmão de Ciro, disse para um manifestante: "Lula tá preso, babaca". Na sequência, Ciro se recusou a declarar apoio a Haddad no segundo turno e virou alvo dos petistas em discursos e nas redes sociais. Nas eleições deste ano o afastamento se cristalizou com a aproximação entre PDT e PSB por um lado e PT e PSOL por outro.

A iniciativa do encontro partiu de Santana. O governador procurou Ciro e Lula, aparou arestas e viabilizou a reaproximação. A tarefa demandou mais de um mês e dezenas de telefonemas. Desde então Lula tem incluído Ciro no rol de nomes fortes da esquerda para 2022 e o pedetista cessou os ataques ao PT.

Segundo o presidente do PDT, Carlos Lupi, o resultado mais importante do encontro foi a retomada do canal de diálogo entre dois grandes líderes da esquerda no país. "Serviu para quebrar o gelo. O diálogo tem que ser permanente", disse Lupi.

O dirigente, no entanto, minimizou o impacto eleitoral do encontro. "Antes de falar de segundo turno ou de 2022 temos que passar pelo primeiro turno".

Estadão
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