Script = https://s1.trrsf.com/update-1734630909/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

Política

Governo abre licitação de R$ 20 milhões para reparos e obras emergenciais em imóveis da Presidência

Edital não informa quais serviços serão feitos; governo diz que usará licitação para contratar obras emergenciais conforme a necessidade

5 mar 2024 - 15h04
Compartilhar
Exibir comentários

BRASÍLIA - O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) abriu uma licitação de R$ 20 milhões para realizar reparos e obras emergenciais nos imóveis oficiais da Presidência da República. O edital não informa o que será feito e servirá para serviços que o Executivo acionar durante o ano.

A licitação atende os imóveis sob responsabilidade da Presidência da República, incluindo o Palácio do Planalto, o Palácio da Alvorada, a Granja do Torto, o Palácio Jaburu e 80 imóveis funcionais. O valor de R$ 20 milhões é uma estimativa máxima, e o custo final dependerá do que efetivamente será feito.

Palácio do Planalto, um dos edifícios que compõem os imóveis sob responsabilidade da Presidência da República.
Palácio do Planalto, um dos edifícios que compõem os imóveis sob responsabilidade da Presidência da República.
Foto: Dida Sampaio/Estadão / Estadão

Em vez de realizar uma contratação para obras específicas, com projeto, orçamento e quantidade definida, o governo optou por um modelo mais rápido. Uma única empresa será contratada e ficará disponível para quando a Presidência acionar. A Casa Civil justificou o modelo em função das características dos imóveis presidenciais e da agilidade que os reparos exigem.

O modelo de licitação é chamado de Sistema de Registro de Preços e serve apenas para compras comuns, como alimentos, materiais de higiene e pequenos reparos. Em obras, só é válido para reparos e obras padronizáveis, como por exemplo construção de cisternas e quadras esportivas, e não para grandes reformas. Ainda assim, o serviço precisa estar descrito.

Em casos anteriores, o Tribunal de Contas da União (TCU) condenou o uso do Sistema de Registro de Preços para obras como pavimentação de ruas em diferentes municípios. O sistema só pode ser usado quando o governo não sabe ao certo quando vai precisar de um produto ou de um serviço e nem a quantidade necessária, que depende da necessidade ao longo do ano.

Conforme o Estadão revelou, o governo Lula gastou R$ 26,8 milhões com reformas, compra de novos móveis, materiais e utensílios domésticos para o Palácio do Planalto, o Palácio da Alvorada, a Residência Oficial do Torto e o Palácio do Jaburu em 2023. Em comparação com anos anteriores, foi o maior gasto com esse tipo de despesa, que não considera a manutenção do dia a dia das residências oficiais e o pagamento de funcionários.

De acordo com especialistas consultados pelo Estadão, o Sistema de Registro de Preços pode ser usado para reparos emergenciais nos prédios da Presidência da República. Não é comum, porém, que a licitação seja lançada sem informar qual serviço será feito, o que diminui o controle sobre o processo. Nesse caso, só será possível saber se o governo cumpriu a lei no momento da execução.

O governo afirma que vai contratar serviços urgentes conforme a demanda dos imóveis. "A maioria das edificações foram construídas há mais de 60 anos, sofrendo desgastes recorrentes e imprevisíveis, o que os tornam suscetíveis a constantes e imediatas intervenções de serviços de engenharia, bem como, necessidades de intervenções frequentes", afirmou a Casa Civil ao Estadão.

A Casa Civil diz que usou o Sistema de Registro de Preços porque precisa realizar serviços "de maneira eficiente, tempestiva e qualitativa a elevada e, por vezes urgente". Para cumprir a lei, o Executivo promete apresentar projeto, cronograma, prazos e execução e todos os documentos técnicos necessários no momento em que acionar os serviços específicos.

Especialistas apontam risco de falta de controle técnico na licitação

"O item ou o serviço precisa estar devidamente caracterizado para permitir a precificação pelos interessados que participam da licitação. O que não há necessidade é a definição das quantidades que serão demandadas", diz o advogado Fernando Vernalha, especialista em licitações. "Nesse caso, a aplicação do registro de preços vai ser um teste em um objeto dessa natureza. Parece ser um caminho certo, mas pode ter um déficit de caracterização técnica do serviço."

O edital foi publicado no dia 29 de fevereiro e a empresa será selecionada no próximo dia 14. A licitação prevê que o governo poderá contratar, com essa mesma licitação e selecionando um único fornecedor, todas as obras previstas no Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (Sinapi) do Distrito Federal, que possui mais de 40 mil itens de produtos e serviços com os preços de referência para cada um, desde argamassa até serviço de pintor.

"O sistema não é recomendado para obras de maior porte, mas sim para essas adaptações e reformas. Essas situações são de difícil mensuração antecipada e o sistema de registro permite que se tenha antecipadamente um prestador para futuras contratações quando surgirem as necessidades", afirma o presidente do Instituto Paulista de Gestão Municipal, Marcelo Palavéri, especialista em compras públicas. "O único problema que existe é que o controle da execução é menos efetivo e tem que ser rigoroso, sob pena de perder as vantagens do sistema."

Estadão
Compartilhar
Publicidade
Seu Terra












Publicidade