Governo Bolsonaro é um "show de besteiras", diz Santos Cruz
Em entrevista, ex-ministro critica governo por perder tempo com 'bobagens' e acredita 'não ter chances' de cultivar amizade com o presidente
O general Carlos Alberto dos Santos Cruz, demitido na semana passada da Secretaria de Governo da Presidência da República, criticou a gestão Bolsonaro por perder tempo com "bobagens" e "fofocagem" quando deveria priorizar ações relevantes do governo para o País. As declarações foram dadas em entrevista à revista Época na última terça, 18, e publicada nesta quinta, 20.
"Se você fizer uma análise das bobagens que se têm vivido, é um negócio impressionante. É um show de besteiras. Isso tira o foco daquilo que é importante", afirmou Santos Cruz. "Tem muita besteira. Tem muita coisa importante que acaba não aparecendo porque todo dia tem uma bobagem ou outra para distrair a população, tirando a atenção das coisas importantes".
Sem mencionar nomes, o general afirmou que "essas brigas por Twitter" não é o que interessa para o Brasil e que o País "não pode continuar discutindo esse nivelzinho de coisa".
"Se você tem alguma coisa contra a pessoa, você tem de falar individualmente. O que acontece é que os recursos todos de tecnologia estão fazendo muita gente esquecer que a melhor maneira de você se comunicar, principalmente entre pessoas públicas, não é de maneira pública. É pessoalmente", afirmou.
Apesar do relacionamento de longa data, Santos Cruz disse que "não tem chance de cultivar essa amizade" com o presidente. "Ele está no governo como presidente da República. Não tem nem oportunidade de que isso seja cultivado porque a pessoa está em outras atribuições que tomam muito a vida da pessoa. Deixa governar. Tomara que dê tudo certo".
Santos Cruz afirmou não ter falado com Bolsonaro desde a demissão e, apesar de considerar a substituição "uma coisa normal", disse que não perguntou o motivo da demissão. "A partir da hora que decidiu, não vou ficar gastando tempo para discutir o porquê. É mais uma obrigação da pessoa explicar. Não é só direito meu saber, como também é obrigação da pessoa explicar. Ele não explicou", disse.
O general também evitou comentar fatos anteriores à sua demissão. "Tem de saber, nesta vida, a hora em que fala e a hora em que não fala", afirmou. "Mas, quando passar essa fase, vou escrever alguma coisa".