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Política

Guilherme Boulos diz que Lula elegível "altera o jogo"

Líder do MTST afirmou que as "diferenças na esquerda são menores do que as com Bolsonaro"

18 mar 2021 - 08h01
(atualizado às 08h11)
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Após disputar a eleição presidencial de 2018 e a Prefeitura em 2020, o líder do MTST, Guilherme Boulos, de 38 anos, se consolidou como um líder nacional do PSOL. Cotado para representar o partido novamente numa disputa presidencial, ele disse que a volta do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao cenário eleitoral "altera o jogo" para 2022. "A política que eu e muita gente no PSOL defende é de construir unidade. Não dá para ter táticas eleitorais como se o Brasil estivesse andando normalmente", disse ele ao Estadão. "Tem de ter juízo e responsabilidade de colocar os projetos pessoais em segundo plano diante da necessidade do País superar este pesadelo."

Boulos acredita no fortalecimento da união da esquerda
Boulos acredita no fortalecimento da união da esquerda
Foto: Reprodução/ Instagram / Estadão Conteúdo

O PSOL, pela primeira vez, trava um debate interno sobre a possibilidade de apoiar Lula em 2022. Como a entrada do ex-presidente no tabuleiro eleitoral muda o cenário para a esquerda?

Esse debate ainda não começou no PSOL. Nosso foco agora é debater 2021, é construir uma unidade de ação da oposição para enfrentar os dilemas de 2021. É claro que isso tem impacto nas eleições de 2022.

Como Lula elegível muda a correlação de forças na esquerda?

Isso altera o jogo. Nós vimos as reações do (presidente Jair) Bolsonaro. Mas o foco para nós agora é discutir uma unidade da oposição em 2021, o que facilita muito a construção de uma unidade para 2022. A política que eu e muita gente no PSOL defende é de construir unidade. Não dá para ter táticas eleitorais como se o Brasil estivesse andando normalmente. Existe um risco democrático real. O Brasil está em pandarecos em termos econômicos e sociais. Isso exige uma responsabilidade histórica para buscar unidade para superar este pesadelo do Bolsonaro.

A entrada de Lula no cenário tem potencial para reunir a esquerda em torno dele?

Eu defendo uma unidade da esquerda desde agora. Essa unidade se constrói desde já e eu defendo que ela se traduza em uma unidade da esquerda e centro-esquerda em 2022.

O sr. estava no Sindicato dos Metalúrgicos quando Lula foi preso e quando deu a primeira entrevista após ter os direitos políticos restabelecidos. Essa é uma sinalização de que o PSOL está mais próximo do PT do que em outros momentos?

Num momento como esse é evidente que aquilo que a oposição tem de unidade se coloque à frente das diferenças. As nossas diferenças internas na esquerda são muito menores do que as nossas diferenças com o Jair Bolsonaro. O ambiente para a unidade é muito maior agora do que foi em outros momentos.

Onde Ciro Gomes entra nessa equação?

Espero que ele entre. Temos conversado com várias lideranças do campo progressista. Eu e o Juliano Medeiros, presidente do PSOL, conversamos com o (Carlos) Lupi, presidente do PDT. Tenho conversado com a Marina Silva (Rede), Gleisi (Hoffmann), presidente do PT, (Fernando) Haddad, Flávio Dino (PCdoB). O que defendo é uma unidade do campo progressista. Espero que o Ciro possa fazer parte dela, mas isso depende hoje muito mais de gestos e da disposição dele do que da nossa em acolher.

Historicamente o PSOL resiste a ampliar seu arco de alianças. Até onde essa frente pode ir além da esquerda? Cabem partidos do Centrão nesse projeto?

Eu não acredito em aliança com a centro-direita. Eles não querem.

Mas o Centrão esteve com Lula em 2006 e já o apoiou.

Essa é uma falsa questão. O Centrão está no barco do Bolsonaro e tudo indica que vai marchar com ele em 2022.

Lula escalou emissário para fazer pontes com João Doria (PSDB) e governadores para entrar no debate da pandemia. É um movimento correto?

Diálogo não arranca pedaço de ninguém. Ainda mais num momento grave como esse. Dito isso, o Doria representa um projeto antipopular, que não tem a mínima empatia com quem sofre. Doria é puro marketing.

Como avalia a gestão do governador João Doria na pandemia?

Doria teve o mérito de não ser negacionista. É lamentável que isso seja um mérito no Brasil. Defendeu o isolamento social e estimulou o Butantan na busca pela vacina. Mas não criou condições para que as pessoas pudessem garantir o isolamento na pandemia. Num momento como esse, deve-se garantir apoio econômico. O governo de São Paulo poderia ter feito um auxílio próprio.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Estadão
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