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Política

Boulos passa por sabatina de Marçal, de olho nos eleitores do ex-coach; veja como foi

Durante a entrevista, o empresário chegou a ligar para o candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB), para reiterar o convite ao evento, mas não foi atendido pelo prefeito

25 out 2024 - 12h19
(atualizado às 14h26)
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Na tentativa de garantir votos que permitam ultrapassar seu concorrente na reta final da disputa pela Prefeitura de São Paulo, o candidato Guilherme Boulos (PSOL) aceitou participar de um evento inusitado nesta sexta-feira: ser sabatinado pelo candidato derrotado do PRTB no primeiro turno das eleições municipais, o influenciador Pablo Marçal (PRTB). Durante quase uma hora, Boulos fez vários gestos para o eleitorado do ex-coach, que reafirmou ao final do encontro que não votaria no psolista. Convidado também a participar, o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB), não apareceu e nem atendeu ao telefonema que Marçal fez durante a transmissão ao vivo.

Logo no início, Boulos citou as críticas que ambos receberam por aceitar o convite e, no caso de Marçal, por organizar o evento. "Teve apoiadores meus aconselhando 'não vá'. E vi que teve apoiadores seus te criticando por isso. Se fosse levar para o lado pessoal, seria o último a aceitar até pelos ataques que sofri de você no primeiro turno", afirmou. "A maioria das pessoas que votaram por você, votaram pela mudança. Ganhando essa eleição, vou governar inclusive para as 1,7 milhão de pessoas que votaram em você."

Boulos buscou aproximação com o público de Marçal ao citar propostas do influenciador que incluiu em seu programa de governo, como a criação de escolas olímpicas e a introdução de educação financeira na rede municipal. "Não tenho problema em reconhecer ideia boa e não vou ficar com 'birrinha' porque a ideia é do adversário", declarou o candidato do PSOL. Ele também destacou que as 1,7 milhão de pessoas que votaram no empresário no primeiro turno buscavam mudanças e tentou se firmar como o nome da mudança no segundo turno.

Marçal, por outro lado, questionou se Boulos estaria apenas "repetindo o método" para conquistar votos e também abordou a alta rejeição do adversário. "O cara que votou em você, votou para mudar. E eu entendo a indignação do eleitor que votou em você. Parte da imprensa interpretou, nesse diálogo que estou fazendo com seu eleitor, como repetição de método", argumentou.

Boulos justificou a desaprovação afirmando que sempre "tomou posição" nas questões e atribuiu sua impopularidade a "mentiras" sobre sua trajetória. "Várias pessoas já disseram coisas para mim, 'ah, você nunca trabalhou, você invadiu casa'. E quando isso chega nas pessoas desse jeito, a gente vira voto."

Em outro momento, Marçal criticou a continuidade de invasões pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) em uma possível gestão do psolista, mas Boulos respondeu que "movimento social só faz ocupação de terreno abandonado quando não tem política habitacional". "Tem um tipo de invasão que tem acontecido em São Paulo e que não tem a ver com movimento social. É invasão do tráfico de drogas em periferias. Está acontecendo debaixo do nariz do prefeito. Bandido que usa o sofrimento do povo para ganhar dinheiro, se vier fazer isso no meu governo, não vai ser a mamata do governo do Nunes, não", declarou.

Em resposta aos questionamentos de Marçal sobre figuras políticas, Boulos caracterizou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) como "péssimo para o Brasil", Fernando Collor como "ladrão de marca maior" e chamou Jesus Cristo de "inspiração para todos nós cristãos".

O candidato do PSOL também apontou que o atual governador paulista, Tarcísio de Freitas (Republicanos), "não deixou um legado" positivo, acusando-o de "usar a cidade como trampolim" para uma futura candidatura presidencial. Marçal rebateu, declarando que estará na disputa como candidato.

Marçal também ponderou que, assim como hoje a polarização política é representada por Lula e Bolsonaro, o embate pode se tornar uma disputa entre Guilherme e Pablo nos próximos 30 anos, período em que ele pretende estar envolvido na política. "Não sou filho de pai assustado. Quando você diz isso é porque está pronto para qualquer embate. Adversário a gente não escolhe", respondeu Boulos.

Questionado sobre quem o candidato do PSOL apoiaria se não estivesse no segundo turno, respondeu: "Eu apertaria '50' na urna. Não votaria nem em você (Marçal), nem em Ricardo Nunes", respondeu. Em seguida, o psolista devolveu a pergunta a Marçal, que também não votaria em nenhum dos dois candidatos. "Até agora, na minha cabeça, o número 5 não funciona para mim. Nem no 50, nem no 15. Eu não voto na esquerda jamais. Vejo a mesma coisa no Nunes. O grupo dele é de centro-esquerda, da mesma laia que você. Acho lamentável o erro do Bolsonaro de apoiar ele", declarou.

Ao final, Boulos reforçou seu apelo aos eleitores de Marçal, apresentando-se como o candidato da mudança. "Quando você votou indignado com uma corja que está aí desde o (João) Doria, saibam que é esse sistema que eu estou enfrentando que tenta fazer de tudo para nos derrotar no próximo domingo", afirmou. Marçal, por sua vez, encerrando a transmissão, fez uma oração e alfinetou o pastor Silas Malafaia, que fez duras críticas a ele durante o primeiro turno: "Agora era bom o Malafaia ajudar pelo menos na oração."

Ausência nos debates

Marçal confrontou, ainda, o candidato do PSOL sobre sua ausência no debate promovido pela revista Veja no primeiro turno das eleições. "O senhor fugiu daquele debate", afirmou o ex-coach. Boulos justificou a ausência, explicando que ele e outros candidatos solicitaram à emissora medidas para evitar "baixaria" no evento, mas não foram atendidos.

O empresário insistiu, comparando o debate a uma "entrevista de emprego", e questionou Boulos sobre eventuais arrependimentos. O psolista, aliado do presidente Lula (PT), respondeu que não se arrepende de suas decisões até agora: "Se eu cometer erros na gestão pública, certamente me arrependerei desses erros. Não tenho arrependimento do que fiz até agora na vida pessoal e política."

"Você acredita na prosperidade? Por que está morando há 20 anos no mesmo lugar? Você não prosperou. Como acredita em algo que não vive?", desafiou o influenciador. Boulos respondeu que o conceito de "prosperidade" varia para cada pessoa, e que não se trata necessariamente de "cifrão" nas contas bancárias.

Incentivos para empreender

O psolista aproveitou a pergunta anterior para anunciar propostas para incentivar a população de São Paulo a empreender - especialmente nas regiões periféricas da cidade. "Aquele trabalhador que queira virar empreendedor, o governo tem que dar ajuda para ele. Não tenha dúvida", declarou Boulos.

Boulos seguiu, e começou a denunciar supostos esquemas de corrupção na Prefeitura de São Paulo durante a gestão de Ricardo Nunes. Nesse momento, Marçal interrompeu o candidato do PSOL, pedindo que ele mantivesse o "nível" do debate, que, segundo ele, vinha sendo respeitado até então.

Boulos faz apelo aos eleitores de Marçal

Em suas considerações finais, Boulos direcionou-se aos eleitores de Marçal, apresentando-se como o candidato da mudança no segundo turno. "Eles querem impedir a mudança. Nós representamos a mudança na cidade de São Paulo para não ficar com essa turma", afirmou. Para tentar atrair o voto de quem apoiou o ex-coach na primeira etapa da eleição, Boulos enfatizou que questões ideológicas não influenciam o cotidiano da população de São Paulo. "Quando você está no ponto de ônibus, ninguém te pergunta se você é de esquerda ou de direita", disse.

A "entrevista de emprego", de acordo com o próprio empresário, foi uma oportunidade para que os candidatos respondam a questões que o público paulistano, em especial os eleitores de Marçal, desejam ver esclarecidas. "Sem gracinha, sem diferenciação", afirmou Marçal, terceiro colocado na disputa para o Executivo municipal de São Paulo, ao divulgar o evento.

Após o anúncio, Boulos escreveu nos comentários da postagem do influenciador: "Eu topo, nunca fugi de dialogar com ninguém. Será que o prefeito Ricardo Nunes topa ou vai fugir?", alfinetando seu adversário. A resposta veio através do vice de Nunes, o coronel Mello Araújo (PL), que provocou Marçal: "Está desempregado? Procurando emprego como jornalista? Vai terminar suas obras na África." Marçal, por sua vez, reagiu: "Bateu o medo aí, coroné? Enfrentar com arma é fácil, bora no argumento."

Estadão
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