Hacker da Vaza Jato afirma que Zambelli lhe pediu para invadir urna eletrônica e contas de Moraes
Em depoimento para Polícia Federal, Walter Delgatti também afirmou que deputada fez o texto original da falsa ordem de prisão contra Moraes
Em depoimento à Polícia Federal (PF), hacker da Vaza Jato, Walter Delgatti Netto, afirmou que a deputada Carla Zambelli (PL-SP) pediu para ele invadir o sistema das urnas eletrônicas ou, caso não conseguisse, a conta de e-mail e o telefone de Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). As informações são do blog da jornalista Andréia Sadi, da Globo News.
De acordo com a publicação, o pedido de Zambelli foi feito em setembro de 2022, durante um encontro entre os dois na Rodovia dos Bandeirantes, em São Paulo. Na ocasião, o então presidente Jair Bolsonaro e os seus apoiadores vinham proferindo ataques, sem provas, à segurança do sistema eleitoral.
Durante o depoimento, Delgatti confessou que não conseguiu acessar o sistema da urna eletrônica nem o celular de Moraes. Em outro trecho da oitiva, o hacker afirmou que não encontrou nada de comprometedor na conta de e-mail do magistrado.
Em 2019, Delgatti invadiu a conta de e-mail de Moraes, além de aplicativos de outras autoridades.
Falsa ordem de detenção de Moraes
O hacker também contou detalhes sobre a criação da falsa ordem de detenção de Moraes. Delgatti disse que contou a Zambelli que tinha acesso ao sistema Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e que poderia emitir a ordem de prisão através da plataforma.
Segundo Delgatti, Zambelli redigiu o documento e enviou para que Delgatti o incluísse no sistema.
Preso novamente
Após sua prisão em 2019, na Operação Spoofing, que investiga a invasão de contas de Telegram de autoridades, Delgatti recebeu autorização para responder em liberdade, também sujeito a algumas condições. Uma delas era a proibição de utilizar a internet de qualquer forma, incluindo aplicativos de mensagens.
No final de junho, Delgatti foi novamente detido depois de ser descoberto cuidando do site e das redes sociais da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). Ele realizava compras online e usava um e-mail como chave Pix para receber doações.
Além disso, ele não foi encontrado nos endereços que havia informado à Justiça, violando a condição de não se mudar sem autorização.
Soltura
A Justiça de Brasília concedeu autorização para a soltura do hacker Walter Delgatti Neto, conhecido como "hacker da Vaza Jato". Ele foi preso pela Polícia Federal após invadir contas no Telegram e divulgar mensagens de procuradores da extinta força-tarefa da Operação Lava Jato em 2019.
A decisão de soltura de Walter Delgatti Neto inclui algumas condições, como o uso de tornozeleira eletrônica, a obrigação de apresentar relatórios mensais sobre suas atividades na internet, além de notificar a polícia caso deixe São Paulo, onde estabelecerá sua residência.
De acordo com o advogado de Delgatti, Ariovaldo Moreira, o "restabelecimento da liberdade provisória" e a "autorização para acesso à rede mundial de computadores" dá cumprimento ao contido na Constituição, ou seja, o direito ao trabalho.