Hacker entrega à PF novas provas de pagamentos feitos por Carla Zambelli, diz advogado
Walter Delgatti Neto deu novo depoimento à Polícia Federal em Brasília nesta quarta-feira, 16
O hacker Walter Delgatti Neto, acusado de participar de um ataque ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), prestou um novo depoimento à Polícia Federal (PF) nesta quarta-feira, 16. Segundo o advogado de Delgatti, Ariovaldo Moreira, o acusado entregou provas de que teria recebido cerca de R$ 40 mil em pagamentos feitos pela deputada Carla Zambelli (PL-SP).
Em entrevista coletiva à imprensa após o depoimento, em frente à PF de Brasília, o advogado explicou que o hacker prestou novas informações sobre o caso, além do depoimento prestado à Polícia Federal em julho passado. "Além de confirmar, ele produziu mais provas no sentido de que ele está falando a verdade".
"Ele faz prova de que recebeu valores de Carla Zambelli. Segundo o Walter, o valor total chega próximo a R$ 40 mil, próximo a R$ 14 mil em depósito bancário e o restante em espécie", afirmou o advogado, sem detalhar quais provas foram apresentadas.
Além do recebimento dos valores, o hacker teria apontado mais envolvidos no caso de invasão ao sistema do Judiciário. "Foi citado outras pessoas envolvidas na invasão do CNJ ou pessoas que colaboraram com o Walter na invasão".
Silêncio na CPMI
Durante a coletiva, a defesa de Walter afirmou que pediu salvo-conduto ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que ele possa ficar em silêncio durante a sessão da CPMI do 8 de janeiro. O acusado é esperado para depor na comissão nesta quinta-feira, 17.
Os advogados afirmam que o hacker pode ser prejudicado se for obrigado a prestar informações. "A presente impetração possui o único propósito de assegurar-lhe o direito ao silêncio absoluto", diz um trecho do pedido. O relator ainda não foi definido.
Ataque ao CNJ
O hacker confessou o crime em julho, quando foi preso preventivamente na Operação 3FA, e implicou a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A versão é a de que ele foi contratado pela deputada para invadir as urnas eletrônicas. Como não teria sido possível, o ataque teria sido dirigido ao CNJ, em janeiro.
Um mandado de prisão falso contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi emitido. "Expeça-se o mandado de prisão em desfavor de mim mesmo, Alexandre de Moraes. Publique-se, intime-se e faz o L", dizia o documento.
A deputada, por sua vez, afirma que contratou o hacker para fazer a manutenção do seu site. Ela seria ouvida pela PF no início do mês, mas o depoimento foi adiado a pedido da defesa.
O hacker também alega que se encontrou pessoalmente com Bolsonaro no Palácio do Alvorada, em agosto de 2022, e que o ex-presidente questionou se ele poderia invadir as urnas.
*com informações de Estadão Conteúdo