Hugo Motta chama de 'baderneiros' envolvidos no 8/1, mas desacredita tentativa de golpe
Apesar da opinião, o presidente da Câmara disse não ter estabelecido acordo Bolsonaro para pauta o PL da Anistia
O novo presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), se mostrou contrário às acusações de que os envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023 tentaram um golpe de Estado, apesar das condenações ocorridas até aqui pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Em entrevista à rádio Arapuan, da Paraíba, Motta foi questionado sobre sua opinião quanto aos atos golpistas.
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"Primeiro, o que aconteceu não pode ser admitido que aconteça novamente. Foi uma agressão às instituições, agressão inimaginável. Acho que ninguém imaginava que aquilo pudesse acontecer. Agora, querer dizer que foi um golpe, golpe tem que ter um líder, golpe tem que ter uma pessoa estimulando, tem que ter apoio de outras instituições interessadas, como as forças armadas, não teve isso", disse.
Em seguida, Motta chama os participantes dos atos de "vândalos baderneiros", mas defendeu que eles não mereciam tais condenações.
"Nós temos que punir as pessoas que foram lá que quebraram, que depredaram essas pessoas, sim, precisam e devem ser punidas para que isso não aconteça novamente, mas entendo também que não dá para exagerar no sentido das penalidades com quem não cometeu atos de tanto de tanta gravidade", afirmou, criticando as penas dadas pelo STF aos envolvidos nos atos golpistas.
Apesar do posicionamento, Hugo Motta disse não ter estabelecido nenhum acordo com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para pautar o Projeto de Lei (PL) da Anistia, que prevê o perdão aos envolvidos no 8 de janeiro. O deputado mencionou ter encontrado Bolsonaro antes de ser eleito presidente da Câmara e ouviu do ex-presidente seus apelos pela defesa do PL da Anistia.
"É uma pauta e um assunto que divide a casa, que gera tensionamento com o judiciário, gera tensionamento com o Executivo, por isso o nosso cuidado em tratar sobre o tema. Eu não posso chegar aqui e dizer 'vou pautar a anistia semana que vem' ou 'não vou pautar a anistia de jeito nenhum'. Será um tema que nós vamos analisando, digerindo, conversando, porque o diálogo tem que ser constante", disse.
Passados dois anos dos atos golpistas, o STF condenou 371 pessoas das mais de duas mil investigadas. As penas variam de três anos a 17 anos e seis meses de prisão.
Até agora, 225 condenados tiveram seus crimes classificados como graves. Ao todo, 898 réus foram responsabilizados, sendo que 527 pessoas participaram de ações mais leves e fizeram acordos com o Ministério Público Federal (MPF).
Outro ponto pelo qual Motta foi questionado foi sobre a votação de alteração da Lei da Ficha Limpa, proposta pelo deputado Bibo Nunes (PL-RS) e que tornaria Bolsonaro elegível em 2026, por fixar em dois anos o tempo de inelegibilidade. O novo presidente da Câmara, porém, disse que a votação do projeto não é uma prioridade.