Dilma vê riscos em "governo ilegítimo" sem negros e mulheres
Em entrevista a jornalistas estrangeiros, a presidente Dilma Rousseff disse nesta sexta-feira (13/05) ter receios de repressões a manifestantes durante o governo do presidente interino Michel Temer e lamentou a ausência de mulheres e de negros no gabinete do peemedebista.
"Não sei se não existe risco de reações violentas (a protestos). Um governo ilegítimo sempre precisa de mecanismos ilegítimos para se manter no poder", disse Dilma, ressaltando que nunca reprimiu atos contrários ao seu governo.
Ela recebeu jornalistas estrangeiros no Palácio do Alvorada, sua residência oficial até o resultado do julgamento do processo de impeachment, e prometeu lutar para permanecer na Presidência. "Teremos que nos defender também politicamente, porque esse é um juízo jurídico e político", argumentou.
A presidente afastada acrescentou ainda que irá a todos os lugares que for convidada para responder sobre as razões do processo de impeachment. Dilma foi afastada do cargo após o Senado aprovar a admissibilidade da ação contra ela. O Congresso tem agora 180 dias para decidir sobre seu futuro no comando do país.
Dilma comentou também o gabinete do presidente interino. "É um governo que reflete um lado bastante claro, vai ser um governo liberal na economia e extremamente conservador na área cultural, social. Está mostrando isso na sua formação".
A primeira mulher eleita para governar o país lamentou ainda a ausência de mulheres e de negros no alto escalão do novo governo. Para seus 24 ministérios, Temer nomeou apenas homens brancos.
"Há um problema de representatividade. A questão de gênero é fundamental para a democracia no Brasil", disse Dilma, lembrando que mais da metade da população brasileira é composta por mulheres. "Negros e mulheres são fundamentais para a construção de um país do ponto de vista social, cultural e de direitos humanos", declarou.