Itamaraty analisa convocação de embaixador venezuelano
Porta-vozes afirmam estar sendo avaliada uma resposta ao pedido de Maduro, que classificou o afastamento de Dilma como "golpe". Ministério repudia reações de líderes da região ao processo de impeachment.
O governo interino de Michel Temer está "analisando" a decisão da Venezuela de chamar seu embaixador em Brasília, Alberto Castellar, de volta ao país, após o afastamento da presidente Dilma Rousseff, disseram fontes oficiais à agência de notícias Efe neste sábado (14).
Porta-vozes do Itamaraty disseram que ainda não se decidiu se será dada uma resposta ao anúncio feito pelo presidente Nicolás Maduro nesta sexta-feira. O líder venezuelano afirmou ter pedido a Castellar que viajasse a Caracas após o que qualificou como "golpe de Estado" contra Dilma, afastada por até 180 dias da presidência.
Maduro não deixou claro se retirou o embaixador do Brasil ou se se trata apenas de uma consulta. Quando o líder venezuelano fez o anúncio, Castellar já estava em Caracas e já havia se reunido com Maduro e a chanceler do país, Delcy Rodríguez.
Num discurso transmitido pelo rádio e pela televisão, Maduro classificou a decisão do Senado de afastar Dilma e dar continuidade ao processo de impeachment como "uma canalhice contra ela, contra sua honra, contra a democracia, contra o povo brasileiro". Aliado próximo do governo de Dilma, ele chamou a decisão dos parlamentares brasileiros como "uma jogada totalmente injusta".
Itamaraty reage
Quase simultaneamente, o Ministério das Relações Exteriores, agora comandado por José Serra, emitiu duas notas rechaçando as opiniões manifestadas por líderes da região em relação ao processo de impeachment que corre contra Dilma.
O Itamaraty declarou repudiar as declarações do secretário-geral da União das Nações Sul-Americanas (Unasul), Ernesto Samper, que se disse preocupado sobre o afastamento da presidente brasileira e um possível comprometimento da democracia no país.
"Os argumentos apresentados, além de errôneos, deixam transparecer juízos de valor infundados e preconceitos contra o Estado brasileiro e seus poderes constituídos e fazem interpretações falsas sobre a Constituição e as leis brasileiras", diz a nota.
Na segunda nota, o Ministério das Relações Exteriores disse "repudiar enfaticamente" as manifestações da Aliança Bolivariana para os povos de Nossa América/Tratado de Comércio dos Povos (Alba/TCP) e dos governos de Venezuela, Cuba, Bolívia, Equador e Nicarágua, afirmando que estes "se permitem opinar e propagar falsidades sobre o processo político interno no Brasil".
Venezuela, Cuba, Bolívia, Equador e Nicarágua haviam advertido sobre uma possível "ruptura democrática". Assim como Maduro, o presidente boliviano, Evo Morales, qualificou o ocorrido com Dilma como um "golpe".
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