Mercado volta a apostar no cenário de impeachment de Dilma
O mercado volta a apostar em um cenário de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Parte dessa resposta dos investidores pode ser observada no comportamento dos juros futuros, cujos contratos com vencimentos para vários anos adiante mostram um forte ajuste para baixo nesta segunda-feira (29) na BM&F (Bolsa de Mercadorias e Futuros). O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, sobe quase 3%.
Na mínima do dia, o contrato de janeiro de 2021, por exemplo, negociava a 15,55% a partir do fechamento de 15,73% da última sessão. “O cenário de impeachment parece estar ganhando 'momentum' mais uma vez”, avalia Mario Robles, estrategista do banco Nomura em um relatório enviado ao mercado.
“Os mercados irão provavelmente casar essa maior probabilidade com a probabilidade de uma mudança na direção macroeconômica e, portanto, vemos valor na parte longa da curva. Sob essa ótica, gostamos da área de janeiro de 2021 e adiante”, diz ele, que espera a manutenção da taxa Selic nesta quarta-feira em 14,25% ao ano.
Sentimento
O sentimento sobre a possível saída da presidente ganhou corpo com a extensão da prisão do marqueteiro do PT, João Santana, e com os sinais de afastamento entre Dilma e o partido que ficou evidenciado com a ausência dela durante o aniversário dos 36 anos da sigla no sábado (27). Além disso, há uma percepção de que o ex-presidente Lula irá tentar afastar a sua imagem do atual governo com o objetivo de preservar a imagem do PT para um possível retorno dele em 2018.
Em um relatório desta segunda-feira, o Barclays disse que esse conjunto de informações aumenta as chances de que a presidente perca o mandato ainda em 2016. O banco aponta que um presidente isolado se torna mais suscetível a um processo de impeachment e pontua que o grande teste de resistência de Dilma será nos protestos contra seu governo previstos para 13 de março.
(Com Marcelo Ribeiro)