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Política

Índice de abstenção é maior entre pobres e mobiliza campanha de Lula

24 set 2022 - 08h26
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Líder das pesquisas de intenção de voto e com chances de vencer a corrida pelo Palácio do Planalto no primeiro turno, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem apelado publicamente para que o eleitor não falte às urnas no dia 2 de outubro. A preocupação do petista diz respeito ao eleitorado mais pobre, que registra maior abstenção e que, majoritariamente, o apoia contra a reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Mas há outra estatística que pode favorecer Lula: as mulheres se apresentam mais para votar. O cientista político e pesquisador Jairo Nicolau afirmou que, no primeiro turno de 2018, o porcentual de comparecimento feminino foi de 80,4% e o masculino, de 79,2%. Por outro lado, estudo feito por ele reafirma que pessoas de baixa renda tendem a faltar mais.

"No caso de Lula, talvez uma coisa fique pela outra, mas é difícil saber", disse Nicolau, que não vê motivos para acreditar numa maior abstenção. "Devemos seguir o padrão de eleições anteriores, um pouco acima ou abaixo."

Segundo o último Datafolha, Lula tem 49% entre as mulheres, ante 29% de Bolsonaro. Na camada mais pobre da população, que representa 51% do eleitorado, o petista é preferido por 57%, ante 24% que votam em Bolsonaro.

Na entrevista concedida ao Programa do Ratinho, do SBT, anteontem, Lula pediu para que as pessoas compareçam às urnas. "Você que não gosta de ninguém, por favor, vá para a urna, vote, escolha quem você acredita que vai consertar esse País, mas vote. Se você não for votar, não vai poder cobrar nada de ninguém."

ECONOMIA

O professor de Ciência Política Emerson Urizzi Cervi, da UFPR, citou outros dados, além da participação feminina, que equilibram a conta a favor do ex-presidente. "Municípios pequenos têm menores taxas de abstenção e seus moradores tendem a apoiar Lula. Olhando a conjuntura política, eu diria que é possível termos neste ano até mesmo uma quebra na série histórica de alta gradual da abstenção." Entre 2006 e 2018, o índice de pessoas que deixaram de votar passou de 16,7% para 20,3%.

Uma das apostas de Cervi para uma mudança na curva é a atual crise econômica, marcada por inflação alta, queda de renda e desemprego. A superintendente da Fundação Tide Setúbal, a economista Mariana Almeida, ressaltou que a mulher, especialmente, sente mais a alta do preço da cesta básica, por exemplo, e a queda na qualidade de vida de sua família. "Isso pode realmente gerar uma maior participação das pessoas que buscam melhora em seu dia a dia."

Cervi também leva em conta o nível de conhecimento dos candidatos desta eleição, polarizada entre um presidente e um ex-presidente. "Nunca tivemos isso. E, se eleitor normalmente decide de maneira retrospectiva, nesta eleição a comparação é mais direta. Não é à toa que as maiores taxas de brancos, nulos e indecisos está entre os mais jovens, que não viveram os dois governos."

Nicolau afirmou, ainda, que a biometria realizada pelo TSE nos últimos anos também pode reduzir o porcentual de abstenção. Segundo dados da Corte, mais de 118 milhões de eleitores poderão votar usando cadastro biométrico. Em 2018, foram 73,7 milhões. Ou seja, passou de 50% para 75%.

"Boa parte da abstenção que não é política se deve ao fato de os eleitores estarem fora de seu domicilio eleitoral. Isso tende a ser reduzido com a biometria, que recadastra os eleitores, fazendo uma limpa e tornando o cadastro mais real."

O professor de Direito da USP Renato Ribeiro destacou que mais de 2 milhões de jovens com menos de 18 anos tiraram o título de eleitor neste ano. "É um movimento que gera expectativa de maior participação", afirmou.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Estadão
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