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Política

Indiciado por associação ao PCC se apresenta como presidente e articula para partido de Marçal em SP

Tarcísio Escobar chegou a ser registrado como presidente por três dias; retirado formalmente do cargo, continua percorrendo municípios e eventos do partido, firmando alianças para o PRTB em todo o Estado; presidente nacional da legenda diz que não sabia do indiciamento e que teve pouco contato com ele; Escobar não foi encontrado para se manifestar; Pablo Marçal não respondeu até o momento

29 mai 2024 - 14h40
(atualizado às 19h12)
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O Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB) se tornou o primeiro partido em São Paulo a ter como presidente um indiciado por associação para o tráfico e organização criminosa. Justamente a maior e mais conhecida delas, o Primeiro Comando da Capital (PCC), que tem cada dia mais estreitado os laços com a política e o poder público. O partido, que na última sexta-feira anunciou o empresário e coach Pablo Marçal como pré-candidato à Prefeitura de São Paulo, nomeou Tarcísio Escobar de Almeida no dia 18 de março deste ano para responder pela legenda em âmbito estadual. Três dias depois, ele foi desligado oficialmente. Apesar disso, Escobar continua a participar de encontros políticos nos quais ainda se apresenta como presidente da legenda, incluindo atos em sedes da legenda, e articula em nome do PRTB, firmando alianças da sigla em todo o Estado. Os dados foram levantados pelo Estadão junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Polícia Civil de São Paulo e Ministério Público de São Paulo (MP-SP).

Pablo Marçal, Leonardo Avalanche e Tarcísio Escobar em convite para evento do PRTB
Pablo Marçal, Leonardo Avalanche e Tarcísio Escobar em convite para evento do PRTB
Foto: Reprodução/Instagram via perfil @presidentetarcisioescobar / Estadão

O indiciamento de Tarcísio Escobar pela polícia paulista ocorreu em julho de 2023. A investigação contra ele se iniciou após documentos que indicaram sua suposta relação com a quadrilha serem apreendidos com um criminoso preso em flagrante. A reportagem confirmou o indiciamento com integrantes da Polícia Civil, que reforçaram que outros desdobramentos do caso continuam em apuração.

Escobar participou de articulações políticas

Uma semana depois de deixar oficialmente a presidência partidária, Tarcísio Escobar teve um encontro com o vice-prefeito de Santo André, Luiz Zacarias (PL), em São Paulo.

O vídeo do encontro, publicado por Zacarias no dia 27 de março no Instagram, contou com a presença do deputado federal Fernando Marangoni (União-SP), que apresenta Tarcísio Escobar como "presidente estadual do PRTB em São Paulo" e declara apoio ao pré-candidato de Santo André Zacarias.

Procurado na terça-feira, 28, para se manifestar, Zacarias disse que enviaria nota por meio de assessoria, o que não ocorreu até a publicação deste texto. Se for enviada, o Estadão atualizará a reportagem. Já Marangoni disse se sentir vítima e afirmou que o PRTB não participará mais da coligação.

"É com profunda indignação que tomo conhecimento das denúncias veiculadas ao senhor Tarcísio Escobar. Fui surpreendido pela imprensa com denúncias ao então presidente do Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB), contrárias aos valores e princípios que regem a minha trajetória política. Acreditei na seriedade e importância do PRTB, porém, diante dos fatos revelados, não podemos compactuar com tais condutas", afirmou o parlamentar.

O parlamentar encaminhou o caso ao jurídico do União Brasil, ao qual é filiado. "É importante ressaltar que, tive um único encontro com então presidente Tarcísio Escobar, em março último, para tratar do apoio do PRTB para as pré-candidaturas que apoiamos. Foi uma conversa rápida, momento em que ele se apresentou e declarou apoio a um pré-candidato que estamos apoiando. Diante dos fatos, acionei o jurídico do União Brasil para que as medidas cabíveis sejam tomadas", disse.

Em nota, o PRTB informou que 'Tarcísio Escobar não faz parte do diretório de São Paulo e, portanto, não possui legitimidade para falar em nome do partido'.

"Embora tenha atuado na gestão anterior, ele foi mantido no posto provisoriamente por apenas três dias, enquanto ainda estávamos reformulando a nova equipe da atual direção. O Dr. Joaquim Pereira de Paulo Neto o substituiu oficialmente desde então é o legítimo presidente do diretório estadual", destacou o texto. 

Ficha inclui processos por estelionato contra mulheres

Em outubro de 2023, segundo dados do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), Tarcísio Escobar foi condenado a um ano, dois meses e onze dias de reclusão por estelionato. A pena foi substituída por prestação de serviços à comunidade e pagamento de multa no valor de um salário mínimo. Ele recorre junto ao TJ.

De acordo com os autos, a vítima, uma mulher, foi até uma agência do Bradesco com R$ 880 para realizar um depósito. Ao chegar na agência bancária, ela foi auxiliada por um rapaz, que seria Escobar, que efetuou a troca dos envelopes, segundo informações dos autos. No entanto, a vítima perceber a troca e solicitou a ajuda de algum funcionário do banco. Depois foram para a delegacia. O Bradesco cobriu o prejuízo da vítima. Ela também declarou que queria desistir da ação. No entanto, a Justiça entendeu que a vítima, de fato, era o banco.

"Tudo indica que (Tarcísio Escobar) possui personalidade voltada para a prática de crimes, visto que já foi processado por outros delitos, cujos processos permaneceram suspensos, haja vista sua não localização para ser citado", disse a juíza Antonia Brasiliana de Paula Farath, da 2ª Vara Criminal de Poá, em trecho da sentença.

"Neste sentido, requer-se apuração dos fatos para comprovar existência de fraude do processo licitatório, com entrega de dinheiro em espécie, oferecimento de veículo Mercedes, coação de integrantes do partido, lavagem de dinheiro, negociação de cargos do PRTB, constituição de organização criminosa", cita o documento protocolado na PF pelo advogado Tulio Marcelo Denig Bandeira.

Sobre a situação, Avalanche disse que nunca enfrentou processo criminal e nem foi alvo de inquérito. Segundo ele, as acusações de compra de votos fazem parte de uma perseguição "justamente por nossa recusa em nos alinhar ou ceder aos corruptos e criminosos que desejam utilizar o partido para realizar negociatas indecentes e injustas".

Estadão
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