Institutos de pesquisa repudiam pedidos de inquérito sobre levantamentos para presidente
Em nota, a Associação Brasileira das Empresas de Pesquisas disse ver com 'indignação' as tentativas de abrir uma CPI sobre o tema às vésperas do segundo turno
A Associação Brasileira das Empresas de Pesquisas (ABEP) divulgou nota nesta quarta-feira, 5, repudiando os pedidos de abertura de inquérito contra institutos que realizam pesquisas eleitorais. O resultado do primeiro turno para presidente e governadores no último domingo, 2, deu munição para políticos que já desacreditavam as sondagens durante a campanha. O resultado das urnas não correspondeu à risca ao cenário projetado pelos levantamentos.
Na terça-feira, 4, o ministro Anderson Torres, da Justiça, encaminhou à Polícia Federal um pedido de abertura de inquérito sobre a atuação desses institutos. Além disso, o senador Marcos do Val (Podemos-ES) encaminhou requerimento para criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigue as empresas de sondagens eleitorais. Na Câmara, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) pressiona para a criação de um colegiado com o mesmo objetivo.
E lembre-se todos os dias na fraude das pesquisas. Deus quiser instalaremos uma CPI para descortinar toda a trapaça arquitetada não só contra Bolsonaro, mas contra várias candidatos mais a direita.
Peça ao seu deputado federal para assinar o requerimento de CPI.
— Eduardo Bolsonaro 22.22 (@BolsonaroSP) October 6, 2022
O deputado Filipe Barros (PL-PR) chegou a ameaçar incluir na investigação os veículos de imprensa que noticiam as pesquisas eleitorais.
Há uma tentativa de veículos de comunicação tentarem justificar a manipulação feita pelos institutos de pesquisa.
Não adianta.
O consórcio formado por esses institutos e parte da imprensa - que ficavam o dia todo repercutindo pesquisas falsas - será investigado em nossa CPI.
— Filipe Barros 2??2?? (@filipebarrost) October 3, 2022
A Associação Brasileira de Pesquisas Eleitorais (Abrapel) também prepara uma nota com outras instituições da área para repudiar a judicialização dos métodos de apuração dessas empresas.
Semanas atrás, contratados pelos institutos para aplicar questionários eleitorais começaram a relatar episódios de violência por parte da população enquanto faziam seu trabalho. No fim de setembro, um pesquisador do Datafolha foi agredido com socos e pontapés por um apoiador do presidente Jair Bolsonaro no interior de São Paulo.
Sobre esse caso, a ABEP e a ABRAPEL se manifestaram da seguinte forma: "Os pesquisadores de diversas empresas têm sido alvo de hostilidade crescente e intimidadora durante a realização do trabalho em diferentes regiões do País. Há relatos de tentativas de interferências, perseguições, xingamentos, exposição dos entrevistadores em redes sociais, intimidações por agentes públicos e até agressões físicas e verbais. As empresas de pesquisa realizam um trabalho importante para o processo eleitoral, fornecendo informações relevantes à população. A tentativa de interferir no trabalho dessas empresas ou descredibilizá-las representa uma afronta à liberdade de expressão e à própria democracia".