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Política

Integrante do MBL é acusado de racismo em Belo Horizonte

O grupo afirmou em nota que expulsará o representante 'caso a acusação apresente validade'

11 nov 2019 - 19h45
(atualizado às 19h45)
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Um representante do Movimento Brasil Livre (MBL) em Minas Gerais, Thiago Loureiro Dayrell Costa, de 24 anos, foi autuado em flagrante e vai responder pelo crime de injúria racial por chamar de "crioula" a cozinheira de um restaurante da Zona Sul de Belo Horizonte. O militante do MBL foi autuado ainda por vias de fato. Depois do pagamento de fiança de R$ 1 mil, foi liberado. A informação é da Polícia Civil de Minas Gerais.

A ocorrência foi registrada na madrugada de ontem, 10, na Central de Flagrantes da corporação. Segundo o registro, a cozinheira agredida, Eliana da Silva, de 43 anos, tentou intervir depois de o representante do MBL jogar um cartão de banco no rosto da operadora de caixa Ariadna Matias Felipe, de 22 anos e dizer "cobra essa p... logo".

O representante do MBL, Thiago Loureiro Dayrell Costa, no momento da discussão - gravada por ele mesmo - em restaurante de Belo Horizonte
O representante do MBL, Thiago Loureiro Dayrell Costa, no momento da discussão - gravada por ele mesmo - em restaurante de Belo Horizonte
Foto: Reprodução Facebook / Estadão Conteúdo

O boletim de ocorrência feito pela Polícia Militar relata que, neste momento, o representante do MBL disse para Eliana: "não coloca a mão em mim, crioula". O gerente do estabelecimento, Eliezer Alves Rodrigues dos Santos, também de 22 anos, se aproximou, teria pedido calma ao militante e os dois começaram a brigar. A cozinheira tentou evitar a briga e, ainda segundo o boletim de ocorrência, teria sido agarrada pelo pescoço e chutada pelo integrante do MBL. Pessoas que estavam próximas separaram a briga.

Em seu relato à polícia, Thiago Dayrell disse ter chegado ao restaurante com sua namorada, pedido uma cerveja e uma refeição. Perguntou quanto tempo demoraria e foi informado que o prazo seria de 10 minutos. Passados os dez minutos, disse, perguntou quanto tempo mais demoraria. Foi passado que mais 20 minutos. Pediu que a conta fosse fechada porque não esperaria mais. Foi ao caixa para pagar pela cerveja e reclamou do atendimento. Nesse momento, um garçom teria lhe dito "vá se f..., seu merda" e o teria jogado no chão para fora do restaurante.

Ao Estadão, hoje, 11, o representante do MBL afirmou que não chamou a cozinheira de "crioula" e que é a verdadeira vítima do episódio. Enviou fotos com marcas pelo corpo que teriam sido provocadas durante a briga no restaurante. "É uma acusação completamente falsa. É uma grande mentira", disse. O representante do MBL afirmou trabalhar em uma rede de pet shop da família. Thiago enviou uma nota redigida por seus advogados. O texto diz: "Sobre os fatos ocorridos na noite de 09/11/2019, a defesa de Thiago Dayrell informa que ele é inocente e é absolutamente falsa a versão de que ele teria praticado qualquer tipo de injuria racial". O acionamento da polícia militar ocorreu às 23h44 do dia 9.

A nota afirma ainda que "a defesa irá obter acesso aos autos do inquérito policial e se colocará à disposição das autoridades para esclarecer os fatos. Desde já, informa que irá apresentar às autoridades vídeos e provas que comprovam a inocência de Thiago e também solicitará acesso às imagens de câmeras de segurança de estabelecimentos da região e do Olho Vivo, que certamente demonstrarão que Thiago é a verdadeira vítima, tendo em vista as agressões físicas sofridas, cuja comprovação se dará por exame de corpo de delito já realizado no IML".

O MBL em Belo Horizonte afirmou, também em nota, que o militante será expulso "caso a acusação apresente validade" e cita um vídeo que também foi repassado à reportagem pelo MBL. O movimento diz repudiar "a escalada de acusações mentirosas contra o coordenador Thiago Dayrell nas últimas 24 horas e que, "como se pode ver pelo próprio vídeo gravado, não há qualquer ofensa racial proferida pelo rapaz. Ao contrário. A agressão efetiva foi cometida pelos funcionários do estabelecimento contra ele, como ficou comprovado em boletim de ocorrência feito após o incidente, que traz fotos de marcas e escoriações provocadas pelas agressões".

O vídeo, que parece ter sido gravado pelo próprio representante do MBL, mostra um bate-boca entre Thiago Dayrell e funcionários do restaurante. Em determinado ponto o militante indica que um dos trabalhadores o teria mandado se f... . O funcionário pede para que "baixe o tom de voz". Thiago responde "dá em mim então, sô". O militante em seguida diz, "vou pagar essa m... dessa conta. Me dá essa p... aí", diz o representante do MBL, para a caixa. Outro funcionário do restaurante rebate, "olha como você fala com a menina, p...". Na sequência, pelas imagens tremidas, começa o que parece ser a briga relatada no boletim de ocorrência.

O MBL afirma na nota que reprova o "comportamento de Thiago em tomar parte em discussões baixas", e que "o expulsaremos caso a acusação apresente validade". A prova cabal do vídeo, porém, torna o argumento dos agressores extremamente frágil. A má-fé envolvida na acusação resta patente". Por fim, MBL afirma reiterar "o compromisso do Movimento Brasil Livre com as mesmas pautas da liberdade, autodeterminação e da igualdade de todos, de raça, sexo, orientação ideológica ou convicção, perante a lei e o Estado brasileiro. Temos uma história de defesa destas pautas e não tememos acusações levianas e maliciosas de quem se vale da pecha de 'racismo' para sabidamente calar adversários ideológicos".

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