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Política

Interventor do DF diz que acampamento era "centro de construção de planos contra a democracia"

Ricardo Cappelli afirmou que "todos atos de vandalismo tiveram organização, planejamento ou ponto de apoio" em acampamento

27 jan 2023 - 13h29
(atualizado às 14h46)
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Cappelli durante coletiva de imprensa nesta sexta-feira, 27
Cappelli durante coletiva de imprensa nesta sexta-feira, 27
Foto: Reprodução/TV Brasil

O interventor federal na segurança pública do Distrito Federal, Ricardo Cappelli, apresentou, nesta sexta-feira, 27, o relatório sobre os atos golpistas cometidos por bolsonaristas radicais em Brasília (DF) no dia 8 de janeiro. De acordo com ele, as apurações apontam que o acampamento montado em frente ao QG do Exército funcionou como um "centro de construção de planos contra a democracia". O interventou ainda classificou o espaço como "mini-cidade golpista". 

"A primeira questão é a centralidade do acampamento que foi montado em frente ao QG do Exército. A centralidade dele em tudo o que aconteceu e culminou no dia [dos ataques antidemocráticos]. Isso fica claro e evidente", afirmou ele. "Todos os atos de vandalismo que aconteceram na capital federal tiveram a organização, planejamento e ponto de apoio no acampamento, que virou um centro de construção de planos contra a democracia brasileira", acrescentou ele, incluindo também a tentativa de explosão de bomba.  

Ainda segundo o interventor, a polícia registrou 73 ocorrências no entorno do acampamento durante o tempo em que o espaço funcionou, incluindo crimes de roubo e furto. Além disso, foi constatado que nos dias 6 e 7, ou seja, na véspera dos ataques aos Três Poderes, a concentração de pessoas no acampamento cresceu significativamente.

"Então são ambientes onde também circularam criminosos. [Foi um] acampamento criminoso, que perturbou a ordem pública. Não era um acampamento comum, porque tinha infraestrutura, geradores, cozinha, era uma verdadeira 'mini-cidade' golpista, terrorista", destacou.

O relatório apresentado por Cappelli traz relatórios das forças de segurança sobre o ocorrido, imagens do dia dos ataques e também conclusões que podem auxiliar nas investigações. Segundo ele, o relatório foi protocolado no Supremo Tribunal Federal (STF) e será analisado pelo ministro Alexandre de Moraes, que é o relator do caso.

Falha operacional

Cappelli também destacou que o setor de inteligência da Secretaria de Segurança do DF enviou relatório de alerta às autoridades locais informando a possível invasão de órgãos públicos e a ‘intenção de atos de violência’ dois dias antes dos atentados ocorrerem, porém, de acordo com ele, os "apelos foram ignorados".

"Esse relatório não teve desdobramento. Faltou comando e responsabilidade [dia 8]. Há uma falha operacional, porque o relatório de inteligência, que existe, ele não gera o desdobramento adequado", disse ele, destacando que imagens mostram que tinha apenas 150 agentes na contenção inicial dos manifestantes. 

"A queda da linha de contenção se dá por volta de 14h43, o que demonstra que eles demoraram cerca de uma hora e quarenta minutos para chegarem do ponto de partida até a contenção, tempo suficiente de acionar suporte. Porém, o acionamento só ocorreu às 15h. Quando as tropas chegaram os Três Poderes já estavam invadidos. Além disso, comandantes importantes dos batalhões estavam de férias no dia 8, o que pode também ter impactado no evento. A Justiça está investigando, e esse conjunto de coincidências pode acarretar algo mais grave do que falta de comando e responsabilidade", explicou. 

Por fim, o interventor federal reforçou que possíveis condutas inadequadas de policiais militares no dia dos ataques antidemocráticos estão em investigação. Seis coronéis que estavam em posição de comando no dia 8 já foram exonerados e há mais seis inquéritos da Polícia Militar apurando o ocorrido. "Tenho plena confiança na Corregedoria da PM", destacou.

Fonte: Redação Terra
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