Invasão e pressão sobre Lula: entenda conflito que estremece relação do governo com o MST
Movimento tem feito invasões para cobrar mais espaço no governo Lula e pressionar pela reforma agrária
O terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ainda está no começo, mas o chefe do Executivo Federal já se vê diante de uma crise política dentro da sua própria base de apoio. Liderado nacionalmente pelo ativista José Pedro Stédile, o Movimento dos Sem Terra (MST) tem promovido uma onda de invasões pelo Brasil, inclusive em áreas produtivas e de preservação e pesquisa, para pressionar o governo pela reforma agrária e em busca de alguns cargos.
A mais recente invasão feita pelos ativistas foi no centro de pesquisas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em Pernambuco. A ação do MST repercutiu, por se tratar de área pública, produtiva e destinada a melhoramento de técnicas agrícolas.
A área foi desocupada neste domingo, 23, dias após uma reunião entre líderes do MST com o Ministério do Desenvolvimento Agrário e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Mas as invasões, que fazem parte do "Abril Vermelho", têm estremecido a relação com o governo.
Entenda a seguir o que está acontecendo entre o governo Lula e o MST.
O que reivindica o MST
O movimento tem como principal objetivo a reforma agrária, entretanto, tem cobrado também mais espaço no governo. Recentemente, o governo federal cedeu à pressão do movimento e nomeou sete novos superintendentes regionais do Incra. Segundo o Estadão, do total, cinco são indicações do MST.
Como reagem os produtores rurais
Produtores rurais de vários estados têm se organizado para combater as invasões. No último dia 12, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) protocolou no Supremo Tribunal Federal (STF) um pedido de liminar para barrar invasões de propriedades rurais.
O que Lula e governo já falaram
O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro Filho, condenou no sábado, 22, a estratégia do MST. Ele ressaltou que vê o presidente Lula 'preocupado', mas acredita que governo e os sem-terra manterão negociações para que cheguem a um "bom termo".
A percepção do governo é de que as invasões podem atrasar o cronograma e atrapalhar as pautas em desenvolvimento pelo governo Lula no Congresso. A reforma agrária, assim como o incentivo à agricultura familiar, são bandeiras de campanha do petista.
Congresso Nacional também reagiu
O Congresso também tem reagido a essas invasões. Na Câmara, parlamentares de oposição trabalham nos bastidores para abrir uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o movimento.