Itamaraty convoca embaixador da Hungria para esclarecer hospedagem a Bolsonaro
Imagens de câmeras de monitoramento registraram o momento que Bolsonaro chegou no local em 12 de fevereiro e passou duas noites lá
O Ministério das Relações Exteriores convocou nesta segunda-feira, 25, o embaixador da Hungria no Brasil, Miklós Halmai, para prestar esclarecimentos sobre a hospedagem do ex-presidente Jair Bolsonaro na representação diplomática do país em Brasília. A presença do ex-presidente no local foi revelada pelo jornal New York Times.
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Segundo a publicação, imagens de câmeras de monitoramento registraram o momento que Bolsonaro chegou no local em 12 de fevereiro, dias após ele ter entregado o passaporte em uma operação da Polícia Federal. No entanto, o ex-presidente só foi visto saindo da representação diplomática húngara dois dias depois, no dia 14.
Informações da Reuters apontam que Halmai teve uma reunião com a embaixadora Maria Luísa Escorel, secretária de Europa e América do Norte do Itamaraty. O que foi discutido não foi revelado.
Agora, a Polícia Federal (PF) vai investigar se Bolsonaro tentou articular alguma manobra diplomática para evitar ser preso no inquérito do plano golpista para se manter no Poder após a derrota nas eleições de 2022. O general Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército, atribuiu ao ex-presidente a articulação de reuniões com comandantes das Forças Armadas para discutir o uso de institutos jurídicos, como a Garantia da Lei e da Ordem (GLO).
Os policiais federais querem saber se Bolsonaro pediu asilo político, o que a defesa do ex-presidente nega. Os advogados alegam que ele esteve no prédio para "manter contatos com autoridades do país" e atualizar os representantes húngaros sobre o "cenário político das duas nações".
"Quaisquer outras interpretações que extrapolem as informações aqui repassadas se constituem em evidente obra ficcional, sem relação com a realidade dos fatos e são, na prática, mais um rol de fake news", sustenta a defesa do ex-presidente.
Especialistas ouvidos pelo Estadão avaliam que Bolsonaro pode ser preso preventivamente, caso fique comprovado que ele tentou se antecipar a um eventual mandado de prisão. A iniciativa poderia configurar uma tentativa de impedir a aplicação da lei penal.