Itamaraty nega fala de Dilma sobre "golpe à paraguaia"
O secretário-geral do Itamaraty, Sérgio Danese, "negou categoricamente" ao embaixador paraguaio em Brasília, Manuel María Cáceres, que a presidente Dilma Rousseff tenha falado de um "golpe democrático à paraguaia" em reunião ministerial na semana passada, informou nesta segunda-feira a Chancelaria do Paraguai.
Segundo um comunicado do Ministério das Relações Exteriores paraguaio, Danese negou na sexta-feira em reunião com Cáceres a veracidade das supostas declarações de Dilma publicadas na Folha de S. Paulo.
O diplomata brasileiro enfatizou "que em nenhum momento a presidente brasileira mencionou o Paraguai", de acordo com o comunicado. Danese também transmitiu "o grande apreço que a presidente Dilma Rousseff tem pelo presidente Horacio Cartes e pelo Paraguai".
"Ressaltando o excelente nível no qual se encontram atualmente as relações bilaterais entre ambos os países", acrescentou, em resposta aos requerimentos do Paraguai, cuja Chancelaria expressou na sexta-feira seu "desagrado" pelos comentários atribuídos à governante brasileira.
Dilma supostamente afirmou que seu país vive um "golpe democrático à paraguaia", em alusão à destituição em 2012 do presidente do Paraguai, Fernando Lugo.
Segundo a Folha de S. Paulo, o comentário foi feito pela presidente durante uma reunião com seus 31 ministros realizada a portas fechadas na quinta-feira em Brasília.
A Chancelaria paraguaia também convocou o embaixador do Brasil, José Felício, para expressar "a surpresa e o desagrado pelas expressões publicadas na imprensa e atribuídas à governante brasileira".
A Chancelaria paraguaia assinalou que a destituição de Lugo, após julgamento político no Congresso, aconteceu "no marco jurídico estabelecido na Constituição Nacional e nas leis, respeitando o tempo todo o devido processo".
Lugo caiu em 22 de junho de 2012 por "mau desempenho" de suas funções, situação pela qual o Paraguai foi suspenso temporariamente do Mercosul por seus integrantes considerarem que houve "uma alteração da ordem democrática".
Uma semana antes aconteceu o fato que impulsionou o julgamento parlamentar contra Lugo, um massacre ocorrido em terras em disputa entre uma empresa de soja e camponeses de Curuguaty, no departamento de Canindeyú, que deixou 11 camponeses e 6 policiais mortos.
Na época, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) disse que o julgamento político a Lugo foi "altamente questionável", pela maneira rápida em que foi feito.