Joice diz que Bolsonaro mente ao falar sobre impeachment
Ex-líder do governo que rompeu com presidente afirma que ele está 'induzindo as pessoas' a acharem que ele pode perder o cargo
Levantado pelo próprio presidente Jair Bolsonaro, o risco de sofrer um impeachment caso vete o fundo eleitoral foi chamado de "estelionato moral" e "mentira" pela deputada Joice Hasselmann (PLS-SP). "É lamentável. É uma mentira. É usar da boa fé das pessoas. Ele está induzindo as pessoas a achar que ele pode sofrer um impeachment", afirmou a ex-líder do governo na Câmara dos Deputados, que rompeu com Bolsonaro.
O Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC) para as eleições municipais deste ano foi aprovado pelo Congresso Nacional em 17 de dezembro no valor de R$ 2,034 bilhões. O fundo está previsto em lei e esse é um dos argumentos do presidente para ter que sancioná-lo, apesar de já ter mencionado que não concorda com a destinação dos recurso.
O presidente lembrou nesta quinta-feira, 02, que tem o dever de "seguir a lei". Bolsonaro citou ainda o artigo 85 da Constituição, que dispõe sobre os atos do presidente da República ue podem ser caracterizados como crimes de responsabilidade.
"Não existe nenhuma linha da legislação sobre isso. É uma prerrogativa do presidente vetar ou não. É uma mentira (a possibilidade de impeachment) para fazer jogo político e colocar a população contra o Congresso Nacional", opinou Joice Hasselmann.
Hasselmann deixou claro ser contra o fundão e ter votado contra a aprovação do recurso, além de feito um "estardalhaço" para derrubar o aumento do fundo para R$3,8 bilhões. A deputada lembrou, contudo, que o governo chegou a propor no texto inicial valor superior ao aprovado pelo Congresso. "Ele mesmo mandou o texto com um valor a mais, com valor de R$2,7 bilhões", disse.
Nas redes sociais, Bolsonaro publicou explicações sobre o que é o fundo eleitoral e lançou pergunta para a população: "Pelo exposto, você acha que devo VETAR o FEFEC, incorrer em Crime de responsabilidade (quase certo processo de impeachment) ou SANCIONAR?", escreveu o presidente.
Para deputada do PSL, a enquete do presidente é um ato irresponsável. "É um estelionato moral. Ele está tentando manipular a legislação e a população que muitas vezes só se informa pelas redes sociais", afirmou a deputada do PSL. Ela classificou a estratégia como um "ato de má-fé" por induzir a população.