Jojo Todynho entra na política como 'preta de direita', promete apagar clipe e é criticada; entenda
Cantora apareceu ao lado de Michelle Bolsonaro e Alexandre Ramagem e passou a ser criticada sob acusação de ter se apropriado de pautas da comunidade LGBTQIAP+ com o interesse de se promover na carreira. Jojo diz que em momento algum quis se aproveitar 'de comunidade, de bandeira'
RIO - A cantora e influenciadora digital Jojo Todynho revelou recentemente que pretende disputar um cargo político nas eleições de 2026 após posar ao lado da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) e do candidato bolsonarista à Prefeitura do Rio de Janeiro, Alexandre Ramagem (PL). Criadora de hits como "Que tiro foi esse" e "Arrasou, viado", a carioca da zona oeste do Rio recebeu uma enxurrada de críticas ao se declarar "preta de direita" por ter se apropriado de pautas da comunidade LGBTQIAP+ para se promover na carreira.
A polêmica entre a cantora e a comunidade LGBTQIAP+ começou após Jojo se encontrar com Michelle Bolsonaro em uma agenda de campanha de Alexandre Ramagem na sexta-feira, 13. Após o encontro, a influenciadora declarou voto, nas redes sociais, ao candidato da família Bolsonaro no Rio.
"Hoje, vim num evento maravilhoso prestigiar meu pai e o nosso futuro prefeito Ramagem 22. É isso aí, esse é o meu prefeito", afirmou em um story ao lado de Ramagem.
A aproximação de Jojo, Ramagem e a família Bolsonaro gerou críticas de seguidores e atores políticos de esquerda, como a deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP). A cantora é criticada por ter se promovido na carreira com músicas voltadas para o público LGBTQIAP+, que é majoritariamente crítico ao grupo político de Bolsonaro.
Erika Hilton - primeira mulher trans a ser eleita para a Câmara dos Deputados - chamou Jojo de "traidora" em uma postagem no Instagram e reproduziu uma frase do escritor Paulo Freire ao comentar a decisão de Jojo de se aliar ao grupo bolsonarista. "Quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é ser opressor", escreveu a deputada.
Com a enxurrada de críticas sofridas, Jojo decidiu se pronunciar nas redes sociais e disse que pediu a exclusão da música "Arrasou, viado" das plataformas de reprodução de música e vídeo. Segundo ela, em momento algum quis se aproveitar "de comunidade, de bandeira". Até esta quarta-feira, 18, o clipe ainda estava disponível no YouTube e Spotify, principais plataformas de reprodução.
A cantora explicou que produziu a música como agradecimento à comunidade LGBTQIAP+ após o sucesso de "Que tiro foi esse". "Todo mundo me abraçou e eu sou muito grata a isso. Aí surgiu a ideia: 'Poxa, vamos fazer uma música em agradecimento também ao movimento LGBTQIAP+. Eu não sei pronunciar'. E eu na hora: 'Vamos embora' e lançamos a música 'Arrasou, viado'. Todos nós merecemos respeito, em qualquer escolha que fazemos na vida."
"O fato de não gostar de alguém não me dá o direito de ir nas redes sociais dela para atacar e falar o que eu bem entender. Não estou aqui para dar nenhum tipo de desculpa ou justificativa. Eu vim aqui falar para vocês que respeito é bom e todo mundo gosta", disse.
Em resposta à deputada, Jojo criticou a declaração da parlamentar nas redes sociais. "Como você quer me chamar de opressora se quer oprimir a minha opinião? Você, como uma mulher trans e negra, não tem respeito? Mas você gosta de cobrar respeito. Porque você é a primeira a fazer o discurso: 'Não tolerarei'. Então, eu tenho que tolerar? Eu também não tolerarei", afirmou Jojo.
Na terça-feira, 17, Erika voltou a falar sobre o assunto em uma entrevista ao programa De frente com Blogueirinha, no YouTube. Segundo a deputada, "não é porque ela (Jojo) é uma mulher negra, gorda, vindo da periferia, que ela não pode ser de direita". "Não é sobre isso. Mas sabe qual é a diferença dela para todas essas pessoas que eu citei agora? É que nenhuma delas usou a agenda e a pauta das pessoas LGBT, dos seus direitos, para fazer trampolim para chegar até lá."