Jornal: Ex-assessor de ministro flagrado com joias diz à PF que pagou "excesso de bagagem"
Marcos Soeiro foi apanhado pela Receita Federal com peças de R$ 16,5 milhões no aeroporto de Guarulhos quando voltava da Arábia Saudita
Em depoimento à Polícia Federal, o ex-assessor do ex-ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque, Marcos André dos Santos Soeiro, contou que precisou pagar excesso de bagagem para trazer ao País “tantos presentes” oferecidos pelo governo da Arábia Saudita, em 2021. As informações são do jornal O Globo.
Em 2021, o ex-assessor foi flagrado pelos servidores da Receita Federal no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, levando um estojo de joias avaliadas em cerca de R$ 16,5 milhões. Como revelou o Estadão, os itens foram retidos porque não haviam sido declarados.
Na ocasião, Soeiro retornava de viagem da Arábia Saudita após integrar uma comitiva liderada pelo então ministro Bento Albuquerque. A comitiva foi representar o ex-presidente Jair Bolsonaro em agendas no país do Oriente Médio.
Durante a oitiva, ele contou que, ao voltar ao País, o seu carrinho de bagagens tinha "tantas malas e caixas que ficava acima da sua cabeça, o que nunca tinha acontecido”.
O ex-assessor também deu detalhes de como recebeu as joias para trazer ao Brasil. De acordo com Soeiro, Bento Albuquerque telefonou para ele e disse "que o príncipe regente saudita falou que enviaria ainda um outro presente para o hotel, porém, o ministro disse não saber o que era”. O telefonema teria acontecido em 25 de outubro daquele ano após o então ministro participar de um jantar oferecido pela família real saudita.
Na sequência, segundo o ex-assessor, um funcionário do príncipe foi ao hotel, onde a comitiva brasileira estava hospedada, e levou 2 caixas embrulhadas em papel especial com brasão da família real.
Neste momento, Soeiro contou que ligou para Albuquerque informando que “as caixas chegaram e estavam lacradas”. Depois da conversa telefônica, ficou decidido que o ministro levaria um pacote e que o assessor transportaria o outro. Apenas o ajudante foi barrado pela Receita ao desembarcar no aeroporto de Guarulhos.
Como mostrou o Estadão, integrantes do governo Bolsonaro tentaram entrar no País com um pacote de joias avaliado em R$ 16,5 milhões. O episódio entrou na mira da Polícia Federal, que instaurou um inquérito para investigar os fatos. No próximo dia 5 de abril, Bolsonaro irá prestar depoimento para esclarecer o episódio.
Bolsonaro nega qualquer irregularidade sobre os pacotes de joias recebidos de presente após visita à Arábia Saudita. O ex-presidente foi convocado a prestar depoimento na Polícia Federal na próxima quarta-feira, dia 5.