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Política

Jornalista: país que asilar Snowden terá informação privilegiada

6 ago 2013 - 17h43
(atualizado às 17h57)
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Glenn Greenwald falou à Comissão de Relações Exteriores do Senado
Glenn Greenwald falou à Comissão de Relações Exteriores do Senado
Foto: Lia de Paula / Agência Senado

O país que outorgar asilo ao ex-técnico da CIA Edward Snowden terá acesso a informações comerciais e industriais privilegiadas, disse nesta terça-feira, perante o Senado brasileiro Glenn Greenwald, colunista do jornal britânico The Guardian a quem o ex-analista entregou vários documentos. Greenwald, primeiro a revelar o escândalo sobre a espionagem americana e que vive no Rio de Janeiro, afirmou que a intercepção de dados eletrônicos e telefônicos no mundo todo é usada pelos Estados Unidos não só para combater o terrorismo, mas também para obter vantagens comerciais e industriais.

Em audiência pública convocada pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado, o jornalista britânico acrescentou que o país que outorgar asilo ao ex-técnico da Agência Nacional de Segurança (NSA, na sigla em inglês) dos EUA também terá acesso a esses dados confidenciais, já que Snowden possui milhares de documentos.

Greeenwald, responsável por publicar os primeiros documentos vazados por Snowden sobre os programas americanos secretos de espionagem eletrônica, assegurou que tais dados confidenciais são obtidos pelas cerca de 70 mil pessoas que trabalham nos serviços de inteligência dos EUA.

O jornalista reiterou que Snowden, a quem a Rússia ofereceu um asilo provisório, lhe entregou entre 15 mil e 20 mil documentos, cujo conteúdo se absteve de divulgar, e disse que o publicado até agora se refere a uma porção muito pequena desses dados.

"Com segurança haverá mais revelações sobre a espionagem dos EUA no mundo todo, incluindo países aliados, assim como sobre a intercepção de sistemas de comunicações, incluindo a América Latina", declarou. "Há documentos com informações ainda mais explosivas", garantiu.

Segundo Greenwald, esse elevado número de documentos se deve ao fato de as agências de inteligência necessitarem de autorização judicial para espionar cidadãos americanos, mas não os de outros países. De acordo com o colunista do The Guardian, um dos riscos é a falta de controle sobre o uso que os agentes de inteligência dão às informações sensíveis às quais têm acesso.

Acrescentou que empresas de telefonia e internet como Google, Microsoft e Apple oferecem as informações de não americanos solicitadas pela NSA e pela CIA sem questionar nada, e que essas agências protegem com muito cuidado o nome das empresas colaboradoras. De acordo com o jornalista, o governo brasileiro tem ferramentas para descobrir quais dessas empresas estão interceptando ligações telefônicas e e-mails de cidadãos brasileiros.

Snowden deixou no último dia 1º de agosto o aeroporto de Moscou, no qual permaneceu retido quase um mês e meio à espera que as autoridades russas lhe outorgassem o asilo temporário. Desde então, se desconhece o paradeiro do homem requerido pela Justiça dos EUA.

Espionagem americana no Brasil
Matéria do jornal O Globo de 6 de julho denunciou que brasileiros, pessoas em trânsito pelo Brasil e também empresas podem ter sido espionados pela Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (National Security Agency - NSA, na sigla em inglês), que virou alvo de polêmicas após denúncias do ex-técnico da inteligência americana Edward Snowden. A NSA teria utilizado um programa chamado Fairview, em parceria com uma empresa de telefonia americana, que fornece dados de redes de comunicação ao governo do país. Com relações comerciais com empresas de diversos países, a empresa oferece também informações sobre usuários de redes de comunicação de outras nações, ampliando o alcance da espionagem da inteligência do governo dos EUA.

Ainda segundo o jornal, uma das estações de espionagem utilizadas por agentes da NSA, em parceria com a Agência Central de Inteligência (CIA) funcionou em Brasília, pelo menos até 2002. Outros documentos apontam que escritórios da Embaixada do Brasil em Washington e da missão brasileira nas Nações Unidas, em Nova York, teriam sido alvos da agência.

Logo após a denúncia, a diplomacia brasileira cobrou explicações do governo americano. O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, afirmou que o País reagiu com “preocupação” ao caso.

O embaixador dos Estados Unidos, Thomas Shannon negou que o governo americano colete dados em território brasileiro e afirmou também que não houve a cooperação de empresas brasileiras com o serviço secreto americano.

Por conta do caso, o governo brasileiro determinou que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) verifique se empresas de telecomunicações sediadas no País violaram o sigilo de dados e de comunicação telefônica. A Polícia Federal também instaurou inquérito para apurar as informações sobre o caso.

Após as revelações, a ministra responsável pela articulação política do governo, Ideli Salvatti (Relações Institucionais), afirmou que vai pedir urgência na aprovação do marco civil da internet. O projeto tramita no Congresso Nacional desde 2011 e hoje está em apreciação pela Câmara dos Deputados.

EFE   
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