Juiz tinha esquema para pegar herança de mortos, diz Ministério Público
Promotoria do Espírito Santo investiga grupo criminoso com a atuação de juízes e advogados; defesa de um dos magistrados diz que suspeito é inocente
RIO - Juízes e advogados do Espírito Santo são suspeitos de formar uma organização criminosa para aplicar golpes contra o espólio de pessoas falecidas que não tinham herdeiros. Dois magistrados foram alvos da operação Follow the Money, do Ministério Público do Espírito Santo (MPES).
Dois juízes estão entre os investigados: Bruno Fritoli e Maurício Camatta Rangel. A informação foi publicada pela jornal A Gazeta e confirmada pelo Estadão. Fritoli foi conduzido para o presídio da Polícia Militar em Vitória (ES) e Camatta Rangel passou a utilizar tornozeleira eletrônica.
Outro investigado é um servidor do governo do Estado do Espírito Santo lotada na secretaria de Estado de Esporte e Lazer (Sesport). Victor Hugo de Mattos Martins foi exonerado na terça-feira, 6.
Os alvos da operação são investigados por possível lavagem de capitais, corrupção ativa, corrupção passiva, fraude processual e falsidade documental. Segundo o MP, as investigações colheram "evidências contundentes do envolvimento de agentes públicos, advogados e particulares em ações judiciais simuladas a partir de documentação falsa, direcionamento da distribuição dos processos e emissão indevida de alvarás, com indícios de recebimento de vantagem indevida e lavagem de ativos".
De acordo com a investigação, o grupo localizava pessoas falecidas sem herdeiros e com valores altos em suas contas bancárias. Com os nomes em mãos, o grupo confeccionava contratos de compra e venda, confissão de dívida e nota promissória em um esquema pata bloquear os valores da contas dos falecidos.
Sem a contestação de herdeiros, o processo era extinto e era apresentado um suposto acordo extrajudicial entre as partes. Com o acordo firmado, com a participação dos suspeitos, os valores eram liberados.