Julgamento de Lessa e Élcio começa nesta quarta; ato em frente a tribunal no RJ pede justiça por Marielle
Réus confessos, os ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz vão a júri popular
O Instituto Marielle Franco realiza um ato na manhã desta quarta-feira, 30, em frente ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, pedindo justiça pela vereadora e pelo motorista Anderson Gomes, assassinados em 2018. Após seis anos e meio das execuções, os réus confessos, os ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz começam a ser julgados hoje pelo caso. Eles vão a júri popular.
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Desde às 6h20, dezenas de pessoas começaram a se reunir em frente ao local com lenços amarelos, vários cartazes e girassóis, símbolo da campanha de Marielle para vereadora do Rio de Janeiro durante a eleição municipal de 2016. "Marielle, justiça", "Anderson, justiça", e "seremos resistência", gritam os participantes durante o ato. Eles também questionam "Quantos mais têm que morrer para essa guerra acabar?".
O Movimento de Mães e Familiares Vítimas da Violência Letal do Estado também está presente e distribuindo as flores, inclusive como um símbolo das "sementes" que a vereadora plantou na política. Segundo os organizadores, as sementes se referem às mulheres negras e jovens que assumiram cargos políticos após Marielle.
"Com total irresponsabilidade de assassinar os nossos jovens pretos, pobres e periféricos, sem direito algum. Estamos cansadas, temos que reagir. Esse estado omisso tem que aprender a respeitar o nosso direito, dar educação de qualidade que não faz, habitação, moradia, alimento na mesa, que é o que eles não fazem. Negacionismo puro, estamos cansadas [...] É todo território do Rio de Janeiro com nossos jovens assassinados, vamos parar, vamos acabar com esse estado omisso. Quem tem responsabilidade é o governo", protestou uma das representantes do Movimento de Mães e Familiares.
Por volta das 8h30, se juntaram ao ato a viúva de Anderson, Agata Arnaus, os pais e a filha de Marielle, além da irmã, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco. O ex-deputado Marcelo Freixo (PT) também está no local com a família. Após discurso, eles entraram no tribunal do Rio de Janeiro e o ato seguiu em passeata até o Buraco do Leme, onde há uma estátua de Marielle.
Julgamento de ex-policiais
O julgamento dos ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, réus pelo assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, começa nesta quarta-feira, com depoimentos das testemunhas de acusação. A principal a ser ouvida será Fernanda Chaves, então assessora da parlamentar que estava no carro e foi a única sobrevivente do atentado.
Marielle foi assassinada no bairro do Estácio, no Rio de Janeiro, na volta de um encontro de mulheres negras na Lapa. Durante o caminho, seu carro foi alvejado, vitimando a vereadora e o seu motorista Anderson. A assessora da parlamentar ficou ferida por estilhaços.
Lessa e Queiroz confessaram terem cometido o crime, que aconteceu em 14 de março de 2018. Eles respondem por duplo homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, emboscada e recurso que dificultou a defesa da vítima) e pela tentativa de homicídio contra Fernanda.
Além dela, são esperados depoimentos de outras oito testemunhas. Saiba quem deverá ser ouvido de cada lado:
Testemunhas de acusação arroladas pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ):
- Fernanda Gonçalves Chaves: vítima sobrevivente do ataque
- Agatha Arnaus Reis: viúva de Anderson
- Monica Benício: viúva de Marielle
- Marinete da Silva: mãe de Marielle
- Carolina Rodrigues Linhares: perita criminal
- Luismar Cortelettili: agente da Polícia Civil do Rio
- Carlos Alberto Paúra Júnior: agente da Polícia Civil do Rio
Testemunhas de defesa de Ronnie Lessa:
- Marcelo Pasqualetti: agente federal
- Guilhermo Catramby: delegado da Polícia Federal
Testemunhas de defesa de Élcio de Queiroz:
-
A defesa de Queiroz desistiu dos depoimentos das testemunhas que havia requerido anteriormente.
Com início previsto para às 9h, a audiência será realizada no 4º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro, no Centro da capital fluminense.
Os réus estão presos desde 2019 e irão a júri popular. Eles participarão por videoconferência: Lessa, do Complexo Penitenciário de Tremembé, em São Paulo, e Queiroz, do Complexo da Papuda, em Brasília. Testemunhas também poderão participar de forma on-line.O julgamento terá transmissão ao vivo pelo canal do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro no YouTube.