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Julgamento do Mensalão

Após visita em hospital, Sarney diz que Genoino estava ‘muito abatido’

Senador disse ter "retribuído" visita após o período em que esteve internado. Genoino deve ser examinado por junta médica

22 nov 2013 - 19h59
(atualizado às 20h05)
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<p>Imagens divulgadas pelo site Di&aacute;rio do Poder&nbsp;mostram momento em que Jos&eacute; Genoino &eacute; submetido a eletrocardiograma</p>
Imagens divulgadas pelo site Diário do Poder mostram momento em que José Genoino é submetido a eletrocardiograma
Foto: Diário do Poder / Reprodução

O senador José Sarney (PMDB-AL) fez uma breve visita ao deputado José Genoino no Instituto de Cardiologia do Distrito Federal (IC-DF), que, segundo ele, foi uma "retribuição" ao período em que o senador esteve internado. Preso após ser condenado pelo crime de corrupção ativa no julgamento do mensalão, Genoino foi internado na última quinta-feira devido a pico de pressão arterial e alteração na coagulação do sangue.

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"Ele estava bem. Quer dizer, me pareceu que estava bem, mas ainda muito abatido", afirmou Sarney. "Eu vim aqui para retribuir e, ao mesmo tempo, cumprir os deveres da amizade", explicou.

Preso desde sábado na Papuda, Genoino obteve nesta quinta-feira a possibilidade de cumprir sua pena em regime domiciliar ou hospitalar. Pela decisão, tomada pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, o deputado pode ficar fora da prisão até ser avaliado por uma junta médica de cardiologistas.

Indagado sobre eventuais comentários que Genoino pudesse ter feito sobre sua pena, Sarney desconversou. "Ele estava doente na UTI, de maneira que eu cumpri com meu dever de amizade e me retirei", disse.

Condenado por corrupção ativa e formação de quadrilha, Genoino deveria cumprir pena inicialmente em regime semiaberto. Como aguarda o julgamento de um recurso do crime de quadrilha, cumpre inicialmente a pena de quatro anos e oito meses.

O mensalão do PT

Em 2007, o STF aceitou denúncia contra os 40 suspeitos de envolvimento no suposto esquema denunciado em 2005 pelo então deputado federal Roberto Jefferson (PTB) e que ficou conhecido como mensalão. Segundo ele, parlamentares da base aliada recebiam pagamentos periódicos para votar de acordo com os interesses do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Após o escândalo, o deputado federal José Dirceu deixou o cargo de chefe da Casa Civil e retornou à Câmara. Acabou sendo cassado pelos colegas e perdeu o direito de concorrer a cargos públicos até 2015.

No relatório da denúncia, a Procuradoria-Geral da República apontou como operadores do núcleo central do esquema José Dirceu, o ex-deputado e ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares e o ex- secretário-geral Silvio Pereira. Todos foram denunciados por formação de quadrilha. Dirceu, Genoino e Delúbio responderam ainda por corrupção ativa.

Em 2008, Sílvio Pereira assinou acordo com a Procuradoria-Geral da República para não ser mais processado no inquérito sobre o caso. Com isso, ele teria que fazer 750 horas de serviço comunitário em até três anos e deixou de ser um dos 40 réus. José Janene, ex-deputado doPP, morreu em 2010 e também deixou de figurar na denúncia.

O relator apontou também que o núcleo publicitário-financeiro do suposto esquema era composto pelo empresário Marcos Valério e seus sócios (Ramon Cardoso, Cristiano Paz e Rogério Tolentino), além das funcionárias da agência SMP&B Simone Vasconcelos e Geiza Dias. Eles responderam por pelo menos três crimes: formação de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro. A então presidente do Banco Rural, Kátia Rabello, e os diretores José Roberto Salgado, Vinícius Samarane e Ayanna Tenório foram denunciados por formação de quadrilha, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro. O publicitário Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes, respondem a ações penais por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O ex-ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) Luiz Gushiken é processado por peculato. O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato foi denunciado por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) respondeu processo porpeculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A denúncia incluía ainda parlamentares do PPPR(ex-PL), PTB e PMDB. Entre eles o próprio delator, Roberto Jefferson. Em julho de 2011, a Procuradoria-Geral da República, nas alegações finais do processo, pediu que o STF condenasse 36 dos 38 réus restantes. Ficaram de fora o ex-ministro da Comunicação Social Luiz Gushiken e o irmão do ex-tesoureiro do Partido Liberal (PL) Jacinto Lamas, Antônio Lamas, ambos por falta de provas.

A ação penal começou a ser julgada em 2 de agosto de 2012. A primeira decisão tomada pelos ministros foi anular o processo contra o ex-empresário argentino Carlos Alberto Quaglia, acusado de utilizar a corretora Natimar para lavar dinheiro do mensalão. Durante três anos, o Supremo notificou os advogados errados de Quaglia e, por isso, o defensor público que representou o réu pediu a nulidade por cerceamento de defesa. Agora, ele vai responder na Justiça Federal de Santa Catarina, Estado onde mora. Assim, restaram 37 réus no processo.

Fonte: Terra
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