Script = https://s1.trrsf.com/update-1731945833/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

Julgamento do Mensalão

Elite brasileira 'finalmente' enfrenta prisão por corrupção, diz jornal britânico

18 nov 2013 - 09h23
(atualizado às 09h55)
Compartilhar
Exibir comentários

Em meio às prisões dos condenados no processo do mensalão, o jornal britânico The Times destacou, em sua versão eletrônica desta segunda-feira, que "finalmente a elite brasileira foi para a cadeia" em um dos "maiores escândalos de corrupção" já ocorridos no País. A reportagem, assinada pelo jornalista James Hilder, correspondente do jornal em São Paulo, afirma que "alguns dos mais poderosos políticos" que "supervisionaram o boom econômico do Brasil nos últimos anos" se apresentaram à polícia para servir longas penas por corrupção, incluindo o ex-ministro da Casa Civil durante o governo Lula, José Dirceu.

Confira o placar do julgamento voto a voto
Conheça o destino dos réus do mensalão
Saiba o que ocorreu no julgamento dia a dia
Mensalãopédia: conheça os personagens citados no julgamento
Mensalão Kombat: veja as 'batalhas' entre Barbosa e Lewandowski

O Times também menciona a fuga do ex-diretor de marketing do Banco do Brasil, Henrique Pizzolato. Condenado a mais de 12 anos de prisão em regime fechado, Pizzolato tem dupla cidadania e estaria foragido na Itália, segundo seu advogado.

Incluído na lista dos 12 condenados que receberam ordens de prisão pelo esquema de compra de votos de parlamentares, ele deveria ter se entregado à Polícia Federal no último sábado. A reportagem cita a carta divulgada por Pizzolato em que o ex-diretor afirma ter fugido para a Itália para ter direito a um novo julgamento.

Segundo o Times, o mensalão "abalou a antiga administração" e deixou "uma sombra profunda sobre o Partido dos Trabalhadores", encabeçado pela presidente presidente Dilma Rousseff, que enfrenta eleições no ano que vem.

O jornal lembra que o escândalo irrompeu em 2005, mas os réus só começaram a ser julgados no ano passado. O atraso, segundo a reportagem, "contribuiu para a raiva demonstrada nos protestos de junho deste ano contra os preços altos, a baixa qualidade dos serviços e a corrupção governamental".

Raridade

Já o jornal americano The New York Times observou, em texto escrito pelo correspondente no Brasil, Simon Romero, ser "raro que figurões da política brasileira sejam condenados por crimes e sirvam penas na prisão". O texto também assinalou "os problemas burocráticos" que adiaram a prisão dos envolvidos.

O NY Times destacou ainda que o ex-ministro José Dirceu se entregou à Polícia Federal, na última sexta-feira, "lançando seu pulso no ar em um ato de provocação".

O mensalão do PT

Em 2007, o STF aceitou denúncia contra os 40 suspeitos de envolvimento no suposto esquema denunciado em 2005 pelo então deputado federal Roberto Jefferson (PTB) e que ficou conhecido como mensalão. Segundo ele, parlamentares da base aliada recebiam pagamentos periódicos para votar de acordo com os interesses do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Após o escândalo, o deputado federal José Dirceu deixou o cargo de chefe da Casa Civil e retornou à Câmara. Acabou sendo cassado pelos colegas e perdeu o direito de concorrer a cargos públicos até 2015.

No relatório da denúncia, a Procuradoria-Geral da República apontou como operadores do núcleo central do esquema José Dirceu, o ex-deputado e ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares e o ex- secretário-geral Silvio Pereira. Todos foram denunciados por formação de quadrilha. Dirceu, Genoino e Delúbio respondem ainda por corrupção ativa.

Em 2008, Sílvio Pereira assinou acordo com a Procuradoria-Geral da República para não ser mais processado no inquérito sobre o caso. Com isso, ele teria que fazer 750 horas de serviço comunitário em até três anos e deixou de ser um dos 40 réus. José Janene, ex-deputado doPP, morreu em 2010 e também deixou de figurar na denúncia.

O relator apontou também que o núcleo publicitário-financeiro do suposto esquema era composto pelo empresário Marcos Valério e seus sócios (Ramon Cardoso, Cristiano Paz e Rogério Tolentino), além das funcionárias da agência SMP&B Simone Vasconcelos e Geiza Dias. Eles respondem por pelo menos três crimes: formação de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.

A então presidente do Banco Rural, Kátia Rabello, e os diretores José Roberto Salgado, Vinícius Samarane e Ayanna Tenório foram denunciados por formação de quadrilha, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro. O publicitário Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes, respondem a ações penais por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O ex-ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) Luiz Gushiken é processado por peculato. O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato foi denunciado por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) responde a processo por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A denúncia inclui ainda parlamentares do PPPR(ex-PL), PTB e PMDB. Entre eles o próprio delator, Roberto Jefferson. Em julho de 2011, a Procuradoria-Geral da República, nas alegações finais do processo, pediu que o STF condenasse 36 dos 38 réus restantes. Ficaram de fora o ex-ministro da Comunicação Social Luiz Gushiken e o irmão do ex-tesoureiro do Partido Liberal (PL) Jacinto Lamas, Antônio Lamas, ambos por falta de provas. A ação penal começou a ser julgada em 2 de agosto de 2012. A primeira decisão tomada pelos ministros foi anular o processo contra o ex-empresário argentino Carlos Alberto Quaglia, acusado de utilizar a corretora Natimar para lavar dinheiro do mensalão.

Durante três anos, o Supremo notificou os advogados errados de Quaglia e, por isso, o defensor público que representou o réu pediu a nulidade por cerceamento de defesa. Agora, ele vai responder na Justiça Federal de Santa Catarina, Estado onde mora. Assim, restaram 37 réus no processo.

No dia 17 de dezembro de 2012, após mais de quatro meses de trabalho, os ministros do STF encerraram o julgamento do mensalão. Dos 37 réus, 25 foram condenados, entre eles Marcos Valério (40 anos e 2 meses), José Dirceu (10 anos e 10 meses), José Genoino (6 anos e 11 meses) e Delúbio Soares (8 anos e 11 meses). A Suprema Corte ainda precisa publicar o acórdão do processo e julgar os recursos que devem ser impetrados pelas defesas dos réus. Só depois de transitado em julgado os condenados devem ser presos.

BBC News Brasil BBC News Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização escrita da BBC News Brasil.
Compartilhar
Publicidade
Seu Terra












Publicidade