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Julgamento do Mensalão

GO: PT nega ter organizado caravana de apoio a condenados no mensalão

21 nov 2013 - 17h06
(atualizado às 17h12)
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<p>Funcion&aacute;rios da prefeitura e da C&acirc;mara Municipal de Goi&acirc;nia deixaram de trabalhar nesta quarta-feira para seguirem para Bras&iacute;lia</p>
Funcionários da prefeitura e da Câmara Municipal de Goiânia deixaram de trabalhar nesta quarta-feira para seguirem para Brasília
Foto: Facebook / Reprodução

O presidente do PT Metropolitano de Goiás, deputado estadual Luis César Bueno, disse nesta quinta-feira que a caravana de apoio de funcionários da prefeitura e da Câmara Municipal de Goiânia filiados do PT que foram até Brasília prestar apoio aos condenados no mensalão não foi organizada pelo diretório. Ontem, eles se juntaram a outros militantes que estavam na porta do Complexo Penitenciário da Papuda desde a chegada dos condenados, no fim de semana.

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“Não há nenhuma orientação do partido, do presidente e nem da direção, para participar de atos e manifestações. O que estamos vendo é uma mobilização real da militância em prestar solidariedade, que ocorreu de forma espontânea através das redes sociais”, disse. 

Segundo o presidente, o diretório não tem conhecimento de que nenhum servidor público estivesse em Brasília em horário de trabalho. Conforme Luis Cesar, caso haja alguma confirmação de que a viagem tenha sido patrocinada por dinheiro público ou no horário inapropriado, isso deve ser punido. “Se alguém foi lá no horário de trabalho deve ter o ponto cortado”, defendeu.

“A nossa posição está explícita em uma nota divulgada no nosso site. Manifestamos nossa solidariedade aos três ex-dirigentes do PT que foram presos de forma arbitrária”, disse também o presidente do PT Metropolitano, que considera o julgamento do mensalão “político e midiático”.

O presidente do PSDB de Goiás, Paulo de Jesus, por sua vez, apoia a investigação do Ministério Público, que anunciou hoje que vai apurar a situação dos funcionários. “Isso é uso e costume do PT, achar que o dinheiro público é do PT”, disse Paulo de Jesus. “Se isso for verdade, o MP tem que tomar providências”, arrematou.

O mensalão do PT

Em 2007, o STF aceitou denúncia contra os 40 suspeitos de envolvimento no suposto esquema denunciado em 2005 pelo então deputado federal Roberto Jefferson (PTB) e que ficou conhecido como mensalão. Segundo ele, parlamentares da base aliada recebiam pagamentos periódicos para votar de acordo com os interesses do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Após o escândalo, o deputado federal José Dirceu deixou o cargo de chefe da Casa Civil e retornou à Câmara. Acabou sendo cassado pelos colegas e perdeu o direito de concorrer a cargos públicos até 2015.

No relatório da denúncia, a Procuradoria-Geral da República apontou como operadores do núcleo central do esquema José Dirceu, o ex-deputado e ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares e o ex- secretário-geral Silvio Pereira. Todos foram denunciados por formação de quadrilha. Dirceu, Genoino e Delúbio responderam ainda por corrupção ativa.

O relator apontou também que o núcleo publicitário-financeiro do suposto esquema era composto pelo empresário Marcos Valério e seus sócios (Ramon Cardoso, Cristiano Paz e Rogério Tolentino), além das funcionárias da agência SMP&B Simone Vasconcelos e Geiza Dias. Eles responderam por pelo menos três crimes: formação de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro. A então presidente do Banco Rural, Kátia Rabello, e os diretores José Roberto Salgado, Vinícius Samarane e Ayanna Tenório foram denunciados por formação de quadrilha, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro. O publicitário Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes, respondem a ações penais por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O ex-ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) Luiz Gushiken é processado por peculato. O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato foi denunciado por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.Em 2008, Sílvio Pereira assinou acordo com a Procuradoria-Geral da República para não ser mais processado no inquérito sobre o caso. Com isso, ele teria que fazer 750 horas de serviço comunitário em até três anos e deixou de ser um dos 40 réus. José Janene, ex-deputado doPP, morreu em 2010 e também deixou de figurar na denúncia.

O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) respondeu processo por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A denúncia incluía ainda parlamentares do PPPR(ex-PL), PTB e PMDB. Entre eles o próprio delator, Roberto Jefferson. Em julho de 2011, a Procuradoria-Geral da República, nas alegações finais do processo, pediu que o STF condenasse 36 dos 38 réus restantes. Ficaram de fora o ex-ministro da Comunicação Social Luiz Gushiken e o irmão do ex-tesoureiro do Partido Liberal (PL) Jacinto Lamas, Antônio Lamas, ambos por falta de provas.

A ação penal começou a ser julgada em 2 de agosto de 2012. A primeira decisão tomada pelos ministros foi anular o processo contra o ex-empresário argentino Carlos Alberto Quaglia, acusado de utilizar a corretora Natimar para lavar dinheiro do mensalão. Durante três anos, o Supremo notificou os advogados errados de Quaglia e, por isso, o defensor público que representou o réu pediu a nulidade por cerceamento de defesa. Agora, ele vai responder na Justiça Federal de Santa Catarina, Estado onde mora. Assim, restaram 37 réus no processo.

Dirceu, Genoino e mais: condenados pelo esquema do mensalão são presos

No dia 17 de dezembro de 2012, após mais de quatro meses de trabalho, os ministros do STF encerraram o julgamento do mensalão. Dos 37 réus, 25 foram condenados, entre eles Marcos Valério (40 anos e 2 meses), José Dirceu (10 anos e 10 meses), José Genoino (6 anos e 11 meses) e Delúbio Soares (8 anos e 11 meses).

Após a Suprema Corte publicar o acórdão do processo, em 2013, os advogados entraram com os recursos. Os primeiros a serem analisados foram os embargos de declaração, que têm como função questionar contradições e obscuridades no acórdão, sem entrar no mérito das condenações. Em seguida, o STF decidiu, por seis votos a cinco, que as defesas também poderiam apresentar os embargos infringentes, que possibilitariam um novo julgamento para réus que foram condenados por um placar dividido – esses recursos devem ser julgados em 2014.

Em 15 de novembro de 2013, o ministro Joaquim Barbosa decretou as primeiras 12 prisões de condenados, após decisão dos ministros de executar apenas as sentenças dos crimes que não foram objeto de embargos infringentes. Os réus nesta situação eram: José Dirceu, José Genoino, Delúbio Soares, Marcos Valério, Ramon Hollerbach, Cristiano Paz, Kátia Rabello, José Roberto Salgado, Henrique Pizzolato, Simone Vasconcelos, Romeu Queiroz e Jacinto Lamas. Todos eles se apresentaram à Polícia Federal, menos Pizzolato, que fugiu para a Itália.

Fonte: Especial para Terra
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