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Julgamento do Mensalão

Na carona do mensalão, Barbosa 'vira' personagem de Assassin's Creed

Produtora responsável pelo jogo publicou menção ao julgamento do mensalão em seu perfil no Facebook

20 nov 2013 - 21h23
(atualizado às 21h33)
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Joaquim Barbosa foi transformado em personagem do game
Joaquim Barbosa foi transformado em personagem do game
Foto: Facebook / Reprodução

A subsidiária brasileira da produtora de games francesa Ubisoft publicou em sua página no Facebook uma montagem que coloca o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Joaquim Barbosa, no papel de um membro da irmandade de assassinos da franquia Assassin’s Creed

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A imagem foi publicada na noite de ontem. Nela, Barbosa aparece com uma vestimenta semelhante a dos personagens do game e com uma bandeira do Brasil ao fundo. 

Além da imagem, a produtora publicou também uma mensagem, que diz: “’Eles (os poderosos) precisam de vocês, o povo. Não podem continuar sem vocês. Basta mostrar que não se acovardarão ou não serão manipulados pela força e eles terão de implorar pela sua ajuda’ Assassin's Creed: A Irmandade (Oliver Bowden, 2010).”

Até as 21h10 desta quarta-feira, a mensagem havia sido curtida por 13.821 pessoas. Alguns seguidores da página da produtora elogiaram a medida. O usuário Alan Henrique Fernandes parabenizou a “Ubisoft, pela bela homenagem”. 

Outros diversos seguidores criticaram a atitude da empresa. Fernando Bretas Vieira Porto disse que não “esperava esta postura da Ubisoft”. “Por se tratar de uma empresa privada com diversos e diferentes fieis seguidores acho a postura da respeitada empresa um tanto temerosa! No judiciário a qualquer tempo da humanidade e localidade não é dado a atividades de justiceiros! Adoro o jogo, mas colocar a figura de um ministro que divide opiniões nos trajes do louvável personagem é um tanto equivocada!” 

Caso Pesseghini

Investigações da Polícia Civil no caso da morte da família de policiais militares mortos na zona norte de São Paulo em agosto deste ano apontaram o jogo como uma influência na mente do adolescente Marcelo Eduardo Bovo Pesseghini, 13 anos - apontado como responsável pela morte de seus pais - o sargento Luis Marcelo Pesseghini, 40 anos, e a mulher dele, a cabo de Andreia Regina Bovo Pesseghini, 35 anos -, assim como a mãe de Andreia, Benedita Oliveira Bovo, 65 anos, e a irmã de Benedita, Bernardete Oliveira da Silva, 55 anos.

Em comunicado divulgado na época do crime, a produtora prestou suas condolências pelo episódio e refutou a ideia de que o jogo de assassinos tenha influenciado o adolescente. 

O mensalão do PT
Em 2007, o STF aceitou denúncia contra os 40 suspeitos de envolvimento no suposto esquema denunciado em 2005 pelo então deputado federal Roberto Jefferson (PTB) e que ficou conhecido como mensalão. Segundo ele, parlamentares da base aliada recebiam pagamentos periódicos para votar de acordo com os interesses do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Após o escândalo, o deputado federal José Dirceu deixou o cargo de chefe da Casa Civil e retornou à Câmara. Acabou sendo cassado pelos colegas e perdeu o direito de concorrer a cargos públicos até 2015.

No relatório da denúncia, a Procuradoria-Geral da República apontou como operadores do núcleo central do esquema José Dirceu, o ex-deputado e ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares e o ex- secretário-geral Silvio Pereira. Todos foram denunciados por formação de quadrilha. Dirceu, Genoino e Delúbio responderam ainda por corrupção ativa.

Em 2008, Sílvio Pereira assinou acordo com a Procuradoria-Geral da República para não ser mais processado no inquérito sobre o caso. Com isso, ele teria que fazer 750 horas de serviço comunitário em até três anos e deixou de ser um dos 40 réus. José Janene, ex-deputado doPP, morreu em 2010 e também deixou de figurar na denúncia.

O relator apontou também que o núcleo publicitário-financeiro do suposto esquema era composto pelo empresário Marcos Valério e seus sócios (Ramon Cardoso, Cristiano Paz e Rogério Tolentino), além das funcionárias da agência SMP&B Simone Vasconcelos e Geiza Dias. Eles responderam por pelo menos três crimes: formação de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro. A então presidente do Banco Rural, Kátia Rabello, e os diretores José Roberto Salgado, Vinícius Samarane e Ayanna Tenório foram denunciados por formação de quadrilha, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro. O publicitário Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes, respondem a ações penais por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O ex-ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) Luiz Gushiken é processado por peculato. O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato foi denunciado por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) respondeu processo por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A denúncia incluía ainda parlamentares do PPPR(ex-PL), PTB e PMDB. Entre eles o próprio delator, Roberto Jefferson. Em julho de 2011, a Procuradoria-Geral da República, nas alegações finais do processo, pediu que o STF condenasse 36 dos 38 réus restantes. Ficaram de fora o ex-ministro da Comunicação Social Luiz Gushiken e o irmão do ex-tesoureiro do Partido Liberal (PL) Jacinto Lamas, Antônio Lamas, ambos por falta de provas.

A ação penal começou a ser julgada em 2 de agosto de 2012. A primeira decisão tomada pelos ministros foi anular o processo contra o ex-empresário argentino Carlos Alberto Quaglia, acusado de utilizar a corretora Natimar para lavar dinheiro do mensalão. Durante três anos, o Supremo notificou os advogados errados de Quaglia e, por isso, o defensor público que representou o réu pediu a nulidade por cerceamento de defesa. Agora, ele vai responder na Justiça Federal de Santa Catarina, Estado onde mora. Assim, restaram 37 réus no processo.

No dia 17 de dezembro de 2012, após mais de quatro meses de trabalho, os ministros do STF encerraram o julgamento do mensalão. Dos 37 réus, 25 foram condenados, entre eles Marcos Valério (40 anos e 2 meses), José Dirceu (10 anos e 10 meses), José Genoino (6 anos e 11 meses) e Delúbio Soares (8 anos e 11 meses).

Após a Suprema Corte publicar o acórdão do processo, em 2013, os advogados entraram com os recursos. Os primeiros a serem analisados foram os embargos de declaração, que têm como função questionar contradições e obscuridades no acórdão, sem entrar no mérito das condenações. Em seguida, o STF decidiu, por seis votos a cinco, que as defesas também poderiam apresentar os embargos infringentes, que possibilitariam um novo julgamento para réus que foram condenados por um placar dividido – esses recursos devem ser julgados em 2014.

Em 15 de novembro de 2013, o ministro Joaquim Barbosa decretou as primeiras 12 prisões de condenados, após decisão dos ministros de executar apenas as sentenças dos crimes que não foram objeto de embargos infringentes. Os réus nesta situação eram: José Dirceu, José Genoino, Delúbio Soares, Marcos Valério, Ramon Hollerbach, Cristiano Paz, Kátia Rabello, José Roberto Salgado, Henrique Pizzolato, Simone Vasconcelos, Romeu Queiroz e Jacinto Lamas. Todos eles se apresentaram à Polícia Federal, menos Pizzolato, que fugiu para a Itália.

Fonte: Terra
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