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Julgamento do Mensalão

'Vaquinha' em prol de Dirceu reúne mais de R$ 1 milhão e é encerrada

22 fev 2014 - 16h36
(atualizado às 16h42)
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De acordo com o site montado para arrecadar a quantia, o valor é 'suficiente para quitar a multa de R$ 971.128,92 e também os impostos que devem ser recolhidos sobre o total das doações'
De acordo com o site montado para arrecadar a quantia, o valor é 'suficiente para quitar a multa de R$ 971.128,92 e também os impostos que devem ser recolhidos sobre o total das doações'
Foto: Reprodução

Após arrecadar R$ 1.083.694,38 em 10 dias, a campanha virtual criada por familiares e amigos do ex-presidente do PT José Dirceu foi encerrada neste sábado. De acordo com o site montado para arrecadar a quantia, o valor é “suficiente para quitar a multa de R$ 971.128,92 e também os impostos que devem ser recolhidos sobre o total das doações”. 

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Segundo balanço disponibilizado na página, 3.972 doadores, de todo o Brasil, contribuíram na campanha. “O resultado representa muito mais do que uma cifra. Em pouco mais de uma semana, cidadãos de todo o país demonstraram sua indignação contra o julgamento político ao qual José Dirceu foi submetido”, diz um texto de agradecimento publicado na página.

Assim como Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares realizaram uma campanha de arrecadação de fundos para cobrir as despesas com multa do STF e levantaram com amigos, parentes e militantes do PT cerca de R$1,7 milhão.

‘Vaquinha’ virou alvo de representação

No último dia 18, o líder do PPS na Câmara dos Deputados, Rubens Bueno (PR), entrou com uma representação no Ministério Público Federal no Distrito Federal (MPF-DF) na qual pediu o bloqueio imediato da arrecadação de recursos para o pagamento da multa de Dirceu.

No pedido, o parlamentar argumenta que Dirceu também é alvo de uma ação por improbidade administrativa e, por causa disso, todo seu patrimônio precisaria ser bloqueado. O pedido de indisponibilidade de bens seria uma forma de garantir, em uma eventual condenação, o ressarcimento de montantes desviados do mensalão, estimados em cerca de R$ 100 milhões.

Segundo a representação, o pedido de indisponibilidade de bens à Justiça é uma prerrogativa do MPF, que é autor de ação civil contra o petista. Bueno defende que o bloqueio seja pedido imediatamente para evitar o repasse de doações a outros condenados.

“A ausência da propositura de tal medida autorizou que muitos mensaleiros transferissem parcela de seus patrimônios (valores das doações) a outros condenados. Agora resta o valor que está sendo arrecadado por José Dirceu - o principal acusado no esquema de desvio do mensalão e réu em ação de improbidade”, disse.

O mensalão do PT
Em 2007, o STF aceitou denúncia contra os 40 suspeitos de envolvimento no suposto esquema denunciado em 2005 pelo então deputado federal Roberto Jefferson (PTB) e que ficou conhecido como mensalão. Segundo ele, parlamentares da base aliada recebiam pagamentos periódicos para votar de acordo com os interesses do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Após o escândalo, o deputado federal José Dirceu deixou o cargo de chefe da Casa Civil e retornou à Câmara. Acabou sendo cassado pelos colegas e perdeu o direito de concorrer a cargos públicos até 2015.

No relatório da denúncia, a Procuradoria-Geral da República apontou como operadores do núcleo central do esquema José Dirceu, o ex-deputado e ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares e o ex- secretário-geral Silvio Pereira. Todos foram denunciados por formação de quadrilha. Dirceu, Genoino e Delúbio responderam ainda por corrupção ativa.

O relator apontou também que o núcleo publicitário-financeiro do suposto esquema era composto pelo empresário Marcos Valério e seus sócios (Ramon Cardoso, Cristiano Paz e Rogério Tolentino), além das funcionárias da agência SMP&B Simone Vasconcelos e Geiza Dias. Eles responderam por pelo menos três crimes: formação de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro. A então presidente do Banco Rural, Kátia Rabello, e os diretores José Roberto Salgado, Vinícius Samarane e Ayanna Tenório foram denunciados por formação de quadrilha, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro.

O publicitário Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes, respondem a ações penais por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O ex-ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) Luiz Gushiken é processado por peculato. O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato foi denunciado por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.Em 2008, Sílvio Pereira assinou acordo com a Procuradoria-Geral da República para não ser mais processado no inquérito sobre o caso. Com isso, ele teria que fazer 750 horas de serviço comunitário em até três anos e deixou de ser um dos 40 réus. José Janene, ex-deputado do PP, morreu em 2010 e também deixou de figurar na denúncia. 

O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) respondeu processo por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A denúncia incluía ainda parlamentares do PPPR(ex-PL), PTB e PMDB. Entre eles o próprio delator, Roberto Jefferson. Em julho de 2011, a Procuradoria-Geral da República, nas alegações finais do processo, pediu que o STF condenasse 36 dos 38 réus restantes. Ficaram de fora o ex-ministro da Comunicação Social Luiz Gushiken e o irmão do ex-tesoureiro do Partido Liberal (PL) Jacinto Lamas, Antônio Lamas, ambos por falta de provas. 

A ação penal começou a ser julgada em 2 de agosto de 2012. A primeira decisão tomada pelos ministros foi anular o processo contra o ex-empresário argentino Carlos Alberto Quaglia, acusado de utilizar a corretora Natimar para lavar dinheiro do mensalão. Durante três anos, o Supremo notificou os advogados errados de Quaglia e, por isso, o defensor público que representou o réu pediu a nulidade por cerceamento de defesa. Agora, ele vai responder na Justiça Federal de Santa Catarina, Estado onde mora. Assim, restaram 37 réus no processo.

No dia 17 de dezembro de 2012, após mais de quatro meses de trabalho, os ministros do STF encerraram o julgamento do mensalão. Dos 37 réus, 25 foram condenados, entre eles Marcos Valério (40 anos e 2 meses), José Dirceu (10 anos e 10 meses), José Genoino (6 anos e 11 meses) e Delúbio Soares (8 anos e 11 meses).

Após a Suprema Corte publicar o acórdão do processo, em 2013, os advogados entraram com os recursos. Os primeiros a serem analisados foram os embargos de declaração, que têm como função questionar contradições e obscuridades no acórdão, sem entrar no mérito das condenações. Em seguida, o STF decidiu, por seis votos a cinco, que as defesas também poderiam apresentar os embargos infringentes, que possibilitariam um novo julgamento para réus que foram condenados por um placar dividido – esses recursos devem ser julgados em 2014.

Em 15 de novembro de 2013, o ministro Joaquim Barbosa decretou as primeiras 12 prisões de condenados, após decisão dos ministros de executar apenas as sentenças dos crimes que não foram objeto de embargos infringentes. Os réus nesta situação eram: José Dirceu, José Genoino, Delúbio Soares, Marcos Valério, Ramon Hollerbach, Cristiano Paz, Kátia Rabello, José Roberto Salgado, Henrique Pizzolato, Simone Vasconcelos, Romeu Queiroz e Jacinto Lamas. Todos eles se apresentaram à Polícia Federal, menos Pizzolato, que fugiu para a Itália.

Fonte: Terra
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