Os políticos brasileiros que venham a ser investigados no escândalo de corrupção na Petrobras deveriam se afastar de suas funções no governo ou Congresso, segundo a ONG anticorrupção Transparência Internacional.
"Se você é um parlamentar e está sob investigação, não precisa admitir culpa, mas precisa se afastar. Se continuar trabalhando no Legislativo, suas decisões podem ser influenciadas pelo processo", afirmou à BBC Brasil Casey Kelso, responsável na Transparência Internacional pelo setor que coordena ações destinadas a influenciar autoridades a adotar melhores condutas.
Kelso afimou, porém, que a autoridade deve deixar a função enquanto ocorre a investigação, mas não precisa necessariamente abdicar do cargo.
Segundo ele, o afastamento ao menos temporário das funções por parte de políticos e autoridades investigados é uma prática considerada comum em países como os Estados Unidos e Grã-Bretanha.
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou nesta semana ao STF (Supremo Tribunal Federal) 28 pedidos de abertura de inquérito de 54 pessoas, entre elas políticos e autoridades, sobre as quais recaem indícios de ligação com o esquema de desvio de dinheiro da Petrobras.
É esperado que nesta sexta-feira o ministro do STF Teori Zavascki decida se divulga ou não a lista com o nome de pessoas a serem investigadas.
Mudança de rumo
Kelso afirmou que a atual apuração da polícia e do Ministério Público sobre políticos brasileiros de alto escalão está sendo possível devido, em parte, às investigações relacionadas ao escândalo do mensalão, cujo julgamento durou mais de um ano e meio e acabou em 2014.
O caso resultou na punição de importantes membros do Partido dos Trabalhadores e seus aliados, por um esquema de compra de votos de parlamentares.
"As investigações do mensalão abriram o caminho (para a punição de autoridades no Brasil). Este (caso da Petrobras) deve ser um processo mais fácil que o anterior e um eventual próximo caso será mais fácil ainda", afirmou.
Porém, diferentemente da investigação do mensalão, a apuração sobre a Petrobras pode dar origem a uma série de processos, em vez de um único massivo.
E, segundo Kelso, mesmo que a atual investigação gere turbulências políticas, pode trazer consequências positivas para o desenvolvimento da democracia no Brasil e, em tese, tornar as empresas de participação estatal mas transparentes e responsáveis.
Na fase anterior da Operação Lava Jato, grandes empreiteiras foram alvo de investigação e tiveram altos executivos detidos. Tais empresas terão agora que mostrar ao mercado que são mais transparentes para readquirirem confiança, diz a Transparência Internacional.
Em geral, segundo a organização, a atual operação e suas revelações são uma oportunidade para que os cidadãos e as entidades exerçam um controle cada vez maior sobre o dinheiro público.
Foto tirada da sede da Petrobras em 2010, no Rio de Janeiro. A empresa está no centro de um escândalo de corrupção investigado desde 2014
Foto: Bruno Domingos / Reuters
"Lava Jato" refere-se ao uso de uma rede de lavanderias e postos de combustíveis para movimentar os valores oriundos de práticas criminosas
Foto: Polícia Federal / Divulgação
O presidente da empreiteira OAS José Aldemário Pinheiro Filho, conhecido como Léo Pinheiro, preso ao ser deflagrada a Operação Lava Jato da Polícia Federal (PF)
Foto: Marcos Bezerra / Futura Press
O doleiro Alberto Youssef e os Executivos da Empresa OAS, José Adelmário Pinheiro Filho, José Ricardo Nogueira, Agenor Franco Magalhães e Mateus Coutinho de Sá Oliveirapreso da Operação Lava Jato que está detido na sede da Policia Federal em Curitiba, PR, sai para depor na sede da Justiça Federal
Foto: Vagner Rosario / Futura Press
Após prestar depoimento, o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, deixa a sede da Superintendência da Polícia Federal em São Paulo
Foto: Renato Ribeiro Silva / Futura Press
Venina Velosa deu seu depoimento à Justiça nesta sexta-feira para operação Lava Jato
Foto: Twitter
O procurador da República, Carlos Fernando dos Santos Lima (à esq.), os delegado Igor de Paula e Marcio Anselmo e o superintendente regional da PF Rosalvo Franco durante coletiva de imprensa na sede da PF, em Curitiba, sobre a nona fase da Operação Lava Jato
Foto: Vagner Rosario / Futura Press
Depoimentos ocorreram nesta segunda-feira, em Curitiba (PR)
Foto: Roger Pereira / Especial para Terra
O procurador Rodrigo Janot concede coletiva a imprensa no Hotel Mabu, em Curitiba (PR), nesta quinta-feira (11), sobre os indiciados na Operação Lava Jato. São em torno de 20 nomes que serão apresentados pelo MPF ao Juiz Sergio Moro
Foto: Vagner Rosario / Futura Press
Lava Jato: foragido, Adarico Negromonte se entrega a PF
Foto: Roger Pereira / Especial para Terra
Não há provas de que o atual diretor de Abastecimento da Petrobras, José Carlos Consenza, tenha envolvimento com o esquema de pagamento de propina na Petrobras
Foto: Wilson Dias / Agência Brasil
Juiz Federal do Paraná, Sérgio Moro, investiga o caso
Foto: Divulgação
O deputado federal, André Vargas, teve mandato cassado por envolvimento em negócios com o doleiro Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal na Operação Lava Jato por participação em um esquema de lavagem de dinheiro
Foto: Gustavo Lima / Agência Câmara
Apontado como um dos chefes da quadrilha, o dono de um dos maiores postos de combustíveis da área central de Brasília, próximo à Torre de TV - onde também funciona uma lavanderia e uma casa de câmbio - foi preso
Foto: Polícia Federal / Divulgação
O grupo investigado seria responsável pela movimentação financeira e lavagem de ativos de diversas pessoas físicas e jurídicas envolvidas em crimes como o tráfico internacional de drogas, corrupção de agentes públicos, sonegação fiscal, evasão de divisas, extração e contrabando de pedras preciosas e desvio de recursos públicos
Foto: Polícia Federal / Divulgação
João Gualberto Pereira Neto se apresenta voluntariamente na sede da Polícia Federal em Curitiba (PR) - ele veio dos Estados Unidos para Curitiba, para depor sobre o esquema de corrupção de licitação e obras da Petrobras, descoberto na Operação Lava Jato da Polícia Federal
Foto: Vagner Rosario / Futura Press
O prestador de serviço da Engevix, Milton Pascowitch saindo da sede da Polícia Federal, em São Paulo (SP), após prestar depoimento na nona fase da operação Lava Jato, deflagrada na manhã desta quinta-feira (05).
Foto: Vagner Rosario / Futura Press
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