Aécio diz que críticas a Alexandre de Moraes são políticas
O presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), disse hoje (27) que "o País inteiro" tem consciência de que o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, tem dado "absoluta independência" à Polícia Federal para atuar na Operação Lava Jato, e que, portanto, não procedem as suspeitas de que a declaração feita pelo ministro no dia 25, durante comício do PSDB em Ribeirão Preto (SP), represente acesso ou divulgação indevida a informações sigilosas.
Naquele dia, ao participar em Ribeirão Preto de um evento de campanha a favor do candidato tucano Duarte Nogueira à prefeitura, o ministro da Justiça informou que haveria uma nova fase da Lava Jato nesta semana.
"Pode ficar sossegado. Apoio total à Lava Jato. Tanto que falam, falam, que quinta teve uma (fase), sexta teve outra. Esta semana vai ter mais. Podem ficar tranquilos.[...] Quando vocês virem esta semana, vocês vão lembrar de mim", disse o ministro durante conversa com integrantes do Movimento Brasil Limpo (MBL).
Diante dessa declaração, parlamentares do PT e do PCdoB entraram ontem (26) com representação na Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Alexandre de Moraes, pedindo o afastamento cautelar do ministro, por entenderem que ele teria violado o sigilo profissional do cargo.
Na petição, os parlamentares acusam o ministro de ter conhecimento prévio sobre a 35ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada nessa segunda-feira, resultando na prisão do ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil, Antonio Palocci.
Segundo Aécio Neves, "esse assunto já está absolutamente superado. Há hoje uma consciência no País inteiro de que o ministro Alexandre de Moraes não apenas apoia a Operação Lava Jato, como tem dado à Polícia Federal absoluta independência para fazer o seu trabalho. [Ao criticar o ministro] o PT tenta politizar uma questão que é absolutamente jurídica", afirmou o presidente do PSDB, após reunião com o presidente Michel Temer.
No encontro com Temer, Aécio buscou o apoio do presidente a uma proposta, em tramitação no Senado, segundo a qual o Bolsa Família deixaria de ser uma política de governo e passaria a ser política de Estado.
De acordo com o senador, esse projeto fará com que o Bolsa Família "deixe de ser compreendido como programa de governo ou de um governo". "Vim buscar apoio do Temer para que, ao lado das medidas econômicas, essa seja uma medida consistente no plano social para demonstrar que o ajuste das contas públicas possa conviver com a consolidação das políticas sociais relevantes para a população brasileira", acrescentou Aécio Neves.
Ao comentar a proposta apresentada pelo governo federal, de limitação dos gastos públicos, Aécio defendeu que, como forma de garantir sua aprovação, ela, em um primeiro momento, se restrinja apenas aos gastos do governo federal.
Segundo ele, a proposta de criação de um teto de gastos representa uma sinalização para a sociedade de que há um governo que tem um "rumo e um projeto" para o País. "É por isso que o PSDB apoia o governo Michel Temer: porque acredita que ele tem consciência clara de que ou avança na direção dessas reformas ou terá um fim muito difícil."
"Mas prefiro que tratemos o teto dos gastos públicos federais, que é a inspiração inicial. Ao se ampliar [a proposta], corre-se o risco de criarmos oposição à proposta", concluiu Aécio Neves.