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Lava Jato

Conta de operador emitiu cartão de crédito a Aloysio Nunes

A informação foi encontrada em documentos obtidos pela Operação Lava Jato

19 fev 2019 - 13h33
(atualizado às 13h49)
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Uma conta na Suíça ligada ao operador do PSDB e ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza emitiu um cartão de crédito em nome do ex-ministro Aloysio Nunes, em 2007, segundo documentos obtidos pela Operação Lava Jato.

Vieira de Souza, a quem os investigadores atribuem um saldo de R$ 130 milhões em contas no país europeu, foi preso pela terceira vez nesta terça, 19. O ex-ministro tucano, hoje presidente da Investe São Paulo do governo João Doria (PSDB-SP), foi alvo de buscas e apreensões. Vieira de Souza e Aloysio são investigados na Operação Ad Infinitum, fase 60 da Lava Jato.

Aloysio Nunes, ex-ministro da Relações Exteriores
Aloysio Nunes, ex-ministro da Relações Exteriores
Foto: MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL - 16/3/2017 / Estadão Conteúdo

Em sua conta no Twitter, o procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da Lava Jato, afirmou que a competência deste caso, no Supremo, é do ministro Edson Fachin. "Vejo tweets receando que o ministro Gilmar Mendes solte Paulo Preto (sic) mais uma vez em liminar. Isso é impossível debaixo da lei. O relator desse caso no Supremo não é ele e sim o ministro Fachin."

Os investigadores afirmam que Paulo Vieira de Souza foi "usado" como operador financeiro da Odebrecht e teria disponibilizado R$ 100 milhões em espécie no Brasil para que a empreiteira fizesse pagamentos a ex-diretores da Petrobras.

A suposta ligação do ex-diretor da Dersa com o esquema de propinas montado na estatal petrolífera é o principal argumento para colocar o operador do PSDB sob a tutela da força-tarefa da Lava Jato no Paraná - responsável pela devassa na Petrobras que levou até o ex-presidente Lula para a prisão.

O novo "endereço" de Vieira de Souza mexe com o tabuleiro judicial no Supremo. Vieira de Souza já é réu em duas ações penais da Lava Jato, mas em São Paulo. Nestas ações, pedidos da defesa do operador tucano caíram nas mãos do ministro Gilmar Mendes.

Em duas ocasiões, Vieira de Souza foi preso por ordem da juíza Maria Isabel do Prado, da 5.ª Vara Criminal Federal de São Paulo. Nas duas vezes, Gilmar Mendes frustrou os investigadores e ordenou a soltura do ex-diretor da Dersa.

Agora, um outro ministro da Corte máxima, Edson Fachin, deve assumir a responsabilidade sobre o caso envolvendo Vieira de Souza como investigado pela força-tarefa da Lava Jato em Curitiba.

Em meio às investigações, uma cooperação internacional com a Suíça remeteu à PF documentos de uma conta supostamente em nome do ex-diretor da Dersa. A força-tarefa afirma que ele recebeu, nesta conta, pagamentos das empreiteiras Andrade Gutierrez, Odebrecht e Camargo Correa.

Segundo os investigadores, em novembro de 2017, "houve a transferência pelo Grupo Odebrecht de 275.776,04 euros em favor de Paulo Vieira de Souza, por intermédio de conta mantida em nome da empresa offshore Flienfeld Services", usada pelo departamento de propinas da empreiteira. Outro pagamento, no valor de US$ 643.774,00, desta vez, em dezembro de 2008, teria sido feito pela "offshore Shearwater Overseas, reconhecidamente ligada à Construtora Andrade Gutierrez". Já a Camargo Corrêa pagou US$ 309 mil à conta de Vieira de Souza na Suíça.

"Ademais, cumpre-se destacar que em 24/12/2007, portanto logo após Paulo Vieira de Souza ter recebido da Odebrecht 275.776,04 euros, cuja transferência aconteceu em 26/11/2007, um dos responsáveis por sua conta mantida em nome do Grupo Nantes na Suíça solicitou a representantes do Banco a entrega de cartão de crédito no Hotel Majestic Barcelona, na Espanha, para Aloysio Nunes Ferreira Filho", afirma a Lava Jato.

Segundo a força-tarefa, o "documento indica que Aloysio Nunes era o destinatário de um cartão de crédito vinculado à conta Groupe Nantes, pertencente a Paulo Vieira de Souza e por ele utilizada para receber vantagens indevidas de empreiteiras investigadas no âmbito da Operação Lava Jato".

"Isso corrobora os depoimentos prestados por investigados colaboradores no sentido de que o representado atuava como operador financeiro em favor de agentes ligados ao PSDB", afirma a Lava Jato.

Os procuradores ainda asseveram que "os documentos encaminhados pelas autoridades helvéticas, constam, ainda, registros de emissões de outros diversos cartões de crédito, o que suscita a alta probabilidade de que a sistemática de repasse de valores espúrios tenha se repetido em relação a outros agentes públicos e políticos ligados a Paulo Vieira de Souza".

Defesas

O ex-ministro Aloysio Nunes Ferreira, presidente da Investe São Paulo, disse que ainda "não teve acesso às informações" da Operação Ad Infinitum. Segundo ele, o delegado da Polícia Federal que conduziu as buscas em sua residência nesta terça, "foi muito cortês", mas não revelou a ele os motivos da diligência. "O inquérito está em segredo, eu estou buscando saber o que há", disse o tucano.

Aloysio negou ter recebido cartão de crédito da conta do operador do PSDB Paulo Vieira de Souza, preso na Ad Infinitum.

A reportagem fez contato com a assessoria de Paulo Vieira de Souza. O espaço está aberto para manifestação.

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