Cunha diz estar "absolutamente convicto" de que não mentiu
O presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse que está "absolutamente convicto" que não mentiu à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras quando prestou esclarecimentos sobre denúncias de participação no esquema investigado pela Operação Lava Jato.
"Fiz uma exposição clássica e fui ponto a ponto no que estava no processo de abertura de inquérito. Pela nossa Constituição, ninguém é obrigado a fazer prova contra si mesmo e não estava sob juramento, mas não me furtei a responder todas as perguntas", disse, em entrevista coletiva no Hotel Nacional, em Brasília.
No último dia 14, o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados aprovou pedido de cassação do mandato de Cunha por quebra de decoro parlamentar acusado de ter mentido sobre ter contas no exterior durante depoimento na CPI.
Eduardo Cunha disse que há uma resistência contra ele no Conselho de Ética, iniciada quando houve uma disputa pelo comando do colegiado. Segundo ele, na ocasião, foi firmado um acordo entre os candidatos José Carlos Araújo (PP-BA) e Arnaldo Faria de Sá (SD-ES) para presidência do conselho, o que não foi cumprido. "Não interferi e acabei ficando com sequelas de todos os lados que achavam que eu tinha que interferir. Os acordos não foram cumpridos e teve disputa", disse.
Na entrevista, Cunha disse que foi o responsável pela instalação da CPI da Petrobras e acrescentou que não foi convocado pela comissão, como outros 40 políticos que haviam sido citados na Operação Lava Jato. Porém, foi espontaneamente ao colegiado para esclarecer os fatos atribuídos a ele.
Esposa
No caso da mulher, Cláudia Cruz, o peemedebista disse que a esposa mantinha contas no exterior dentro dos padrões definidos pela legislação brasileira. "Ela detinha conta e estava no padrão do Banco Central e não tinha obrigação de declarar. Minha esposa não tinha offshore, truste, ela tinha conta e estava dentro do padrão do Banco Central. Ela tinha, a cada 31 de dezembro de cada ano, menos de US$ 100 mil", afirmou.
Dilma Rousseff
Cunha voltou a rechaçar acusações de que conduziu a votação de pautas-bombas para invializar a gestão de Dilma Rousseff e de ter dado início ao processo de impeachment que a afastou da Presidência da República. Ele afirmou que a resistência ao governo petista no momento da aprovação do processo de impeachment era o mesmo de quando foi eleito presidente da Câmara e citou o número de votos que lhe garantiu a vitória contra o candidato petista, Arlindo Chinaglia (PT-SP), para a presidência da Casa. Eleito presidente da Câmara em primeiro turno no dia 1º de fevereiro de 2015, Cunha recebeu 267 votos e derrotou três candidatos, entre eles, Chinaglia (PT-SP), que era o candidato do Palácio do Planalto na época, mas que obteve apenas 136 votos.
Sobre o processo de impeachment, Cunha disse ainda que o então ministro Jaques Wagner lhe ofereceu apoio para impedir o prosseguimento do processo contra Dilma. "Ele tentou desesperadamente que eu atendesse o telefone [no dia em que aceitou o processo de impedimento da presidenta]. Saí para o anúncio naquele momento porque eu me convenci que a votação no Congresso Nacional teria curso na votação da [revisão] da meta [fiscal]. Foi a razão fundamental de fazê-lo naquela hora", disse. Segundo Cunha, além de falar dos votos no Conselho de Ética, o então ministro da Casa Civil ofereceu "o próprio controle do presidente do Conselho de Ética que é da Bahia".
Lado de fora
Do lado de fora do Hotel Nacional, onde ocorreu a entrevista coletiva convocada por Cunha, um grupo de manifestantes pedia a renúncia dele, ao som de vuvuzelas e gritos de Fora Cunha.