"Inocente", Cunha chama governo Dilma de "filme de terror"
O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, afirmou em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo que não perdeu o apoio na Casa desde que assumiu a função, em fevereiro. O peemedebista atribuiu a pressão externa para a sua saída a movimentos pagos, disse não acreditar que seu correligionário Leonardo Picciani esteja articulando para lhe substituir, porque a Câmara não admite traição. Cunha destacou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem mais apoio que a presidente Dilma Rousseff e classificou o governo da petista como "um filme de terror".
À Folha de S. Paulo, Cunha reforçou que a origem dos recursos que movimentou em contas na Suíça é lícita, fruto de negócios que teria feito antes de entrar na vida pública, entre eles a venda de carne enlatada para o exterior e investimentos em ações. "Não tenho conta não declarada e não tenho empresa offshore, não sou acionista, cotista. Tenho um contrato com um trust, e ele é o proprietário nominal dos ativos que existiam. Sou beneficiário usufrutuário em vida e os meus sucessores em morte".
O deputado negou que tenha ligação com escândalos de corrupção da Petrobras. "Não tenho falha nenhuma. Sou inocente".
Sobre o 1,3 milhão de francos suíços que, de acordo com o Ministério Público, é fruto de desvios da estatal e teria caído em uma de suas contas, Cunha afirmou que desconhecia a origem do depósito e disse que manteve o dinheiro parado, aguardando alguém reclamá-lo.
De acordo com o presidente da Câmara, sua atuação no setor privado rendeu lucro entre US$ 2 milhões e US$ 2,5 milhões em dois anos. "Tem gente dizendo que sou milhardário. Se você trabalha 48 meses e consegue obter com operações de lucro esse montante, não é nada demais".
Além disso, o peemedebista descartou que tenha estabelecido um pacto de não agressão com Lula. "O que há é que em alguns momentos tenho o mesmo pensamento dele de que não tem que prejulgar ninguém".
Indagado sobre a possibilidade de o PMDB apoiar Lula em uma eventual candidatura presidencial em 2018, Cunha alegou que "o ciclo do PT se exauriu mesmo se for Lula" e que o partido não aprovará uma nova aliança com o PT.