Dilma ataca oposição e volta a defender Lula
Presidente diz que opositores tentam dividir o país e condena forma como Lula foi levado para depor.
A presidente Dilma Rousseff acusou nesta segunda-feira (7) a oposição de agravar a crise política e voltou a criticar o controverso mandado de condução coercitiva para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, executado na sexta-feira passada.
"Justiça seja feita: sempre o presidente Lula aceitou, ao ser convidado para prestar esclarecimentos, ele sempre foi. Não tem o menor sentido conduzi-lo sob vara para prestar depoimento se ele jamais se recusou a ir", afirmou Dilma, em visita oficial a Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul.
Lula foi levado para depor na sexta-feira sob suspeita de ser beneficiário de dinheiro desviado de negócios envolvendo a Petrobras, aproximando ainda mais a Operação Lava Jato do governo Dilma.
No sábado, o juiz federal Sergio Moro, que autorizou a operação, emitiu nota oficial para justificar a ação. Criticado por alguns juristas e apoiadores do governo por suposto exagero, ele afirmou que a condução coercitiva faz parte de medidas investigatórias que visam o esclarecimento da verdade e não significam antecipação de culpa do ex-presidente.
Dilma rebateu ainda a alegação do Ministério Público Federal e de Moro de que o mandado de condução coercitiva tinha como objetivo evitar eventual tumulto no caso de um depoimento previamente marcado de Lula.
"Não cabe alegar que estavam protegendo [o Lula]. Como disse um juiz, era necessário saber se ele queria ser protegido porque tem certo tipo de proteção que é muito estranho", afirmou Dilma, que no sábado visitou Lula em São Bernardo do Campo e, um dia antes, já fizera um pronunciamento em defesa do ex-presidente.
Críticas à oposição
Em meio a um momento de forte recessão e de turbulência política, acentuada pelas investigações da Lava Jato, Dilma disse que parte do atual momento do país decorre do comportamento daqueles que estão "inconformados" com a derrota em 2014 e querem antecipar a eleição de 2018.
"A oposição não pode sistematicamente ficar dividindo o país", disse a presidente. "Tem certo tipo de luta política que cria um problema sistemático, não só para a política, mas para a economia, para a criação de empregos, para o crescimento das empresas, porque ninguém fica satisfeito quando começa aquela briga."
A oposição anunciou nos últimos dias que pretende obstruir as votações na Câmara dos Deputados para acelerar o processo de impeachment da presidente. Opositores estão também participando ativamente da mobilização para as manifestações populares contra o governo, marcadas para o próximo domingo.