Justiça do Rio determina prisão da mulher de Sérgio Cabral
O juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal do Rio de Janeiro, determinou nesta terça-feira (06/12) a prisão preventiva da advogada Adriana Ancelmo, mulher do ex-governador Sérgio Cabral, preso pela Operação Calicute há 19 dias. Também nesta terça-feira, o casal virou réu na mesma ação.
A Polícia Federal (PF) esteve na casa da ex-primeira-dama do Rio, no Leblon, para cumprir o mandado de prisão, mas não a encontrou. Ela se apresentou no final da tarde à 7ª Vara Federal.
As denúncias fazem parte da Calicute, desdobramento da Operação Lava Jato que apura o desvio de ao menos 224 milhões de reais em obras do governo do Rio de Janeiro, como a reforma do Maracanã e o Arco Metropoliltano, em troca de contratos públicos e incentivos fiscais a diversas empreiteiras.
Quando a operação foi deflagrada em novembro, Bretas negou a prisão de Ancelmo, solicitada pelo Ministério Público Federal (MPF), mas agora disse que, com "o aprofundamento das investigações", concluiu-se que ela "ocuparia posição central na organização criminosa capitaneada pelo marido".
De acordo com a apuração da Calicute, a mulher do ex-governador teria recebido dinheiro de operadores financeiros do marido, além de ter utilizado seu escritório de advocacia, o Ancelmo Advogados, para lavar o dinheiro proveniente da propina negociada por Cabral.
Na decisão, o juiz justifica que há riscos de a primeira-dama obstruir as investigações caso permaneça em liberdade. "É grande a probabilidade de que a mesma continue na prática de ilícitos e persevere na ocultação do produto dos crimes perpetrados contra a Administração Pública", diz o texto.
Ao acatar denúncia do MPF nesta terça, o juiz Bretas ainda tornou réus Cabral, sua mulher e outras onze pessoas. O ex-governador foi denunciado pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa, enquanto Ancelmo responderá pelos dois últimos delitos.
Cabral foi preso em 17 de novembro, junto a outras oito pessoas ligadas a ele. Na mesma data, Ancelmo foi alvo de condução coercitiva, quando prestou depoimento à PF. Os agentes federais também cumpriram mandado de busca e apreensão no escritório Ancelmo Advogados. No fim de novembro, o juiz determinou o bloqueio de bens da ex-primeira-dama e de seu escritório.