Lava Jato do Rio denuncia ex-presidente do Paraguai
O ex-presidente do Paraguai Horacio Cartes e outras 18 pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público Federal do Rio de Janeiro à Justiça por organização especializada em lavagem de dinheiro e outros diversos crimes, informou o MPF nesta sexta-feira, apontando uma relação próxima entre o ex-mandatário e o doleiro Dario Messer.
O grupo denunciado foi alvo da operação Patrón, realizada em novembro, que teve como alvos principais o ex-presidente paraguaio, Messer, chamado de doleiro dos doleiros, e pessoas ligadas a eles e ao esquema ilegal.
Na ocasião, Cartes escreveu uma carta à promotoria paraguaia, pedindo que o órgão investigue o caso, que ele disse envolver uma conduta que ocorreu "inteiramente" em território paraguaio.
As investigações do MPF apontaram uma ligação próxima entre Messer e Cartes e uma troca de favores entre eles. O ex-presidente paraguaio teria dado suporte e guarita a Messer enquanto o doleiro esteve escondido no Paraguai e foragido das autoridades brasileiras
"A organização comandada por Messer vinha praticando câmbio ilegal, evasão de divisas e lavagem de dinheiro a partir dos países de origem de seus integrantes. O braço transnacional da organização foi rastreado a partir das apurações de esquemas de um de seus clientes: o ex-governador do Rio de Janeiro Sergio Cabral, chefe de uma organização especializada em corrupção e que usou serviços da rede de Messer no Uruguai para ocultar cifras milionárias oriundas de crimes no Palácio Guanabara e na Assembleia Legislativa (Alerj)", disse o MPF em comunicado.
A denúncia do MPF apontou 17 atos criminosos cometidos pela organização desde 2011 e, alguns crimes continuaram ocorrendo mesmo após a prisão de Messer, em julho, na cidade de São Paulo.
Para os procuradores da força-tarefa da Lava Jato no Rio de Janeiro, o braço da organização de Messer no Paraguai era "tão poderoso que lhe permitiu continuar a ocultar grandes somas de dinheiro ilícito (cerca de 1,5 milhão de dólares foi movimentado) e financiar sua fuga".
As investigações apontam que o grupo criminoso era dividido em três núcleos: financeiro, operacional e político. O ex presidente paraguaio, Horacio Cartes faria parte do núcleo político montado pelo doleiro.
"O MPF identificou a associação do ex-presidente Cartes à organização, ao menos entre maio de 2018 e julho de 2019, período em que Messer ficou foragido e Cartes intercedeu por ele, apesar das ordens de prisão nos dois países", diz a procuradoria.
Cartes teria financiado 500 mil dólares a Messer, enquanto o doleiro estava foragido no Paraguai.