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Lava Jato

Lula deve se entregar neste sábado, dizem aliados

Pessoas próximas ao ex-presidente afirmam que negociações em torno da prisão foram concluídas; Lula participa de missa em memória de Marisa Letícia.

7 abr 2018 - 11h36
(atualizado às 11h41)
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Quatro pessoas ligadas a Luiz Inácio Lula da Silva confirmaram à BBC Brasil na manhã deste sábado que a negociação foi encerrada e que o ex-presidente irá se entregar ainda hoje à Polícia Federal. Os interlocutores, no entanto, não deram detalhes de como será feita a operação de saída de Lula do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, onde passou as duas últimas noites.

Lula participou de missa em memória de Marisa Letícia neste sábado
Lula participou de missa em memória de Marisa Letícia neste sábado
Foto: Reuters / BBC News Brasil

O juiz federal Sergio Moro havia definido sexta-feira como o dia em que Lula deveria se apresentar à PF e, assim, começar a cumprir a pena de 12 anos e um mês de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Mas uma estratégia do petista acabou por alterar o roteiro traçado pelo magistrado, estendendo para o final de semana o imbróglio sobre a situação.

Após um dia marcado pela reunião de uma multidão em volta do Sindicato dos Metalúrgicos, a Polícia Federal anunciou que não cumpriria o mandado de prisão contra o ex-presidente na sexta, enquanto fontes ligadas ao petista sugeriam que ele poderia se entregar às autoridades nos próximos dias.

Nomes do PT e de partidos aliados e líderes de movimentos sociais passaram a sexta-feira entretendo milhares de militantes em frente ao prédio.

Lula, porém, não apareceu fora do local até a manhã deste sábado, quando ocupou o palanque da missa celebrada por Dom Angélico Bernardino no próprio sindicato, em homenagem à ex-primeira-dama Marisa Letícia. Morta no ano passado, Marisa completaria 68 anos no sábado.

Militância voltou a se reunir diante de sindicato neste sábado
Militância voltou a se reunir diante de sindicato neste sábado
Foto: AFP / BBC News Brasil

Ao mesmo tempo, o ministro do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin negou, na manhã deste sábado, pedido de liminar feito na véspera pela defesa de Lula, pela suspensão da prisão.

Na sexta-feira, o Supremo Tribunal de Justiça havia negado também um habeas corpus da defesa, que questionava a decretação da prisão antes que os advogados pudessem apresentar seus últimos recursos - os chamados "embargos dos embargos" no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4).

Negociações

Se o tom público dos aliados de Lula podia soar virulento, por outro lado, ao longo da tarde de sexta-feira, um grupo de emissários do ex-presidente sentava-se à mesa com representantes da Polícia Federal para negociar a possível prisão.

As conversas eram lideradas pelo ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo e pelo advogado Sigmaringa Seixas. Sigmaringa é amigo pessoal, antigo articulador petista junto ao Judiciário e homem de confiança de Lula.

Já Cardozo liderou a Polícia Federal ao longo dos quase seis anos em que esteve à frente da pasta da Justiça, na gestão Dilma Rousseff. Nesse período, ele conquistou a confiança da corporação por não intervir nos procedimentos investigativos, especialmente naquelas da Operação Lava Jato. Seu comportamento de pouca interferência em relação à corporação chegou a provocar críticas do próprio Lula. Mas foi justamente o estilo que o converteu em um negociador privilegiado do destino de Lula.

Por meio de ambos, o ex-presidente pleiteava ser preso em São Paulo, não em Curitiba, onde uma sala de 15 metros quadrados na sede da PF o esperava há dias. Também fazia questão de estar presente, ao lado dos filhos, à missa em homenagem à Marisa Letícia neste sábado.

Outra exigência de Lula era não passar por práticas vexatórias, como ser algemado (possibilidade que o próprio Moro já havia excluído em sua ordem de prisão), ser colocado em camburão e ter seu cabelo raspado.

Na prática e distante dos olhos da militância, Lula admitia se submeter à ordem judicial e ir para a cadeia em breve. No entanto, deixava claro que sua força política e popular o credenciavam a se entregar em seus próprios termos, e não naqueles estabelecidos pelo juiz Sergio Moro.

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