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Lava Jato

Provem uma corrupção minha e irei a pé à delegacia, diz Lula

15 set 2016 - 16h16
(atualizado às 16h49)
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Foto: Paulo Lopes / Futura Press

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva rechaçou nesta quinta-feira as acusações dos procuradores da Operação Lava Jato, feitas no dia anterior, de que ele seria o comandante do esquema de desvios na Petrobras. "Provem uma corrupção minha que irei a pé até a delegacia", disse o petista.

Lula fez um pronunciamento à imprensa em São Paulo um dia depois de ter sido denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O procurador Deltan Dallagnol afirmou que, "sem o poder de decisão de Lula, o esquema (na Petrobras) seria impossível".

O ex-presidente, por sua vez, criticou a falta de provas contra ele e disse que "um cidadão comum precisa ter as convicções comedidas" para não julgar alguém injustamente. "Eu tenho a convicção de que quem mentiu está numa enrascada", declarou, acrescentando ter a consciência tranquila.

"Querem me investigar, me investiguem. Eu só quero que sejam verdadeiros comigo. Eu só quero que respeitem a dona Marisa", declarou, em referência a sua mulher, Marisa Letícia, também alvo da denúncia do MPF. "Conquistei o direito de andar de cabeça erguida."

Ele iniciou o pronunciamento afirmando que não falaria como um ex-presidente ou como alguém perseguido, mas como "um cidadão indignado com as coisas que estão acontecendo neste país". "Penso que no Brasil tem pouca gente com a vida mais pública e mais fiscalizada do que a minha", afirmou.

"Eu sinceramente nunca pensei que passaria por isso, nunca tantas pessoas falaram tanto, me achincalharam tanto e divulgaram tantas inverdades contra mim. Ninguém respeita a lei neste país mais do que eu, ninguém respeita as instituições mais do que eu. Vou prestar quantos depoimentos forem necessários. Podem-me chamar que eu vou", disse o ex-presidente.

Foto: Paulo Lopes / Futura Press

Para o líder petista, os seus adversários "construíram uma mentira" e agora querem um "final para acabar com a novela". "Eles elegeram o Temer, derrubaram a Dilma e agora querem destruir a vida política do Lula", afirmou.

O petista relembrou a história e alguns feitos do PT e disse ter "orgulho de ter criado o mais importante partido da esquerda da América Latina". Para ele, "o que despertou a ira (contra o PT) foi o sucesso do meu governo, a maior política de inclusão social desse país".

"Quem criou o Portal da Transparência e a Lei de Acesso? Não é que somos mais honestos, é que nós tiramos da sala o tapete que escondia a corrupção neste país. Vale para o PT e para qualquer outro partido", afirmou. "Ninguém está acima da lei. Nem o ex-presidente, nem o procurador-geral, nem o ministro da Suprema Corte."

Ele ainda citou o impeachment de sua sucessora, a ex-presidente Dilma Rousseff, e disse estar decepcionado porque pensava que o Senado "tinha pessoas mais qualificadas" do que a Câmara. "Eles conseguiram dar um golpe tranquilo e pacífico, sem militares nas ruas", declarou.

Lula, por fim, agradeceu ao apoio de seus seguidores - que entoavam "Lula, guerreiro do povo brasileiro" durante o evento - e disse se manter esperançoso. "Não pensem que estou desanimado, sofrido. Estou orgulhoso de saber que a perseguição a mim é por ter feito coisas boas a esse país."

A denúncia do MPF, apresentada nesta quarta-feira ao juiz federal Sérgio Moro, acusa o ex-presidente de ter recebido 3,7 milhões de reais em vantagens indevidas da construtora OAS. Parte do montante está relacionada a um tríplex no Guarujá, no litoral paulista. É a primeira vez que o Lula é acusado de envolvimento no esquema que desviou milhões de reais na Petrobras.

Deutsche Welle A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.
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