Marcos Valério promete entregar novos nomes do mensalão
Advogado do publicitário mineiro confirmou que há políticos e membros do judiciário no esquema
O empresário Marcos Valério, condenado por ser um dos mentores dos mensalões do PT e PSDB afirmou, em depoimento a procuradores federais e promotores de Justiça, que vai contribuir com as investigações e delatar mais pessoas que se beneficiaram do “valerioduto”, como ficou conhecido o esquema que desviou milhões em dinheiro público.
Segundo o advogado de Valério, Jean Robert Kobayashi Júnior, o empresário vai entregar um relatório no qual explica como era a atuação de cada um dos “20 nomes” que não teriam sido citados nas investigações.
Na quarta-feira (28), Valério prestou depoimento por cerca de quatro horas na Penitenciária Nelson Hungria, na região metropolitana de Belo Horizonte onde cumpre pena de 37 anos. Entre os benefícios pleiteados pela defesa estão a diminuição da condenação e a transferência para a Associação de Proteção e Assistência ao Condenado (Apac).
A aceitação da delação de Marcos Valério ainda depende da homologação do relatório que será produzido. Os procuradores e promotores que ouviram o empresário não deram declarações à imprensa.
O empresário tenta negociar a delação desde junho, quando esteve em Curitiba para prestar esclarecimentos na Lava Jato. A defesa não informou em quanto tempo o relatório será finalizado, mas adiantou que Valério quer entregar o documento nas mãos do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Durante o depoimento ele se negou a responder uma das perguntas dos membros do Ministério Público Federal (MPF). Ele teria ficado com medo de ser assassinado depois de descobrir que, supostamente, estariam tentando colocá-lo num esquema que chantagearia líderes do Partido dos Trabalhadores.
“Mais de uma instituição”
Kobayashi Júnior afirmou que o esquema contou com a participação de membros do judiciário, mas não deu nenhuma dica da esfera de atuação dos envolvidos. Entre as 20 pessoas que devem ser delatadas, ainda segundo o advogado, estão ainda políticos mineiros e de outros estados também.
Mensalões tucano e petista
Marcos Valério tinha um esquema do qual políticos de todas as cores foram favorecidos. A partir de contratos publicitários e empréstimos junto a órgãos estatais entre suas empresas e os governos ele abastecia, ilegalmente, campanhas de candidatos. Os contratos eram de serviços que não eram realizados e os valores voltavam para os políticos.
Entre os já condenados no mensalão do PSDB estão o ex-presidente nacional do partido e ex-governador de Minas Gerais, Eduardo Azeredo. Além de Azeredo, que renunciou ao cargo de deputado federal em 2014. São citados no caso o ex-secretário de Estado, José Afonso Bicalho, o ex-senador Clésio Andrade, Ramon Hollerbach, Cristiano Paz, Eduardo Pereira Guedes Neto, Lauro Wilson de Lima Filho e Renato Caporalli.
Entre os envolvidos do lado do PT estão o ex-chefe da Casa Civil do primeiro Governo Lula, José Dirceu, o então deputado federal Roberto Jefferson, o tesoureiro do PT, Delúbio Soares, o ex-deputado José Genoíno, o secretário do PT, Sílvio Pereira, o ex-deputado federal João Paulo Cunha, e os ex-ministros Luiz Gushiken (já falecido) e Anderson Adauto.