Bumlai fez operações financeiras para beneficiar PT, diz MPF
Procuradores da força-tarefa do Ministério Público Federal (MPF) que investiga a Operação Lava Jato disseram hoje que o empresário José Carlos Bumlai fez operações financeiras para beneficiar o PT. De acordo com os procuradores Diogo Castor de Mattos e Deltan Dallagnol, foram identificadas contradições entre o que Bumlai afirmou durante os depoimentos e o material obtido durante as ações da Polícia Federal (PF).
“A oitiva de hoje [de Bumlai, na Polícia Federal] foi feita para confrontar o que ele disse nos depoimentos anteriores com o material obtido nas buscas e apreensões. Há documentos que contradizem as afirmações feitas em depoimento. Ele disse não ter vínculo com o PT, mas descobrimos pedido de seu filho para se desfiliar do partido. Ele disse não ter relações com a Petrobras, mas há (no material apreendido) correspondências endereçadas à área de exploração [da estatal]", disse Mattos, durante coletiva de imprensa, em Curitiba.
Os procuradores negam, no entanto, que Bumlai tenha integrado “o núcleo central de corrupção” da Petrobras. O que o empresário fez, segundo eles, foi papel de "operador, tomando empréstimos para pagar dívida do PT”.
De acordo com o MPF, Bumlai usou contratos firmados com a Petrobras para quitar empréstimos com o Banco Schahin. Segundo os procuradores, depoimentos de investigados que assinaram acordos de delação premiada revelam que o empréstimo de cerca de R$ 12 milhões se destinava ao PT e foi pago mediante a contratação da Schahin como operadora do navio-sonda Vitória 10.000, da Petrobras, em 2009.
Mais cedo, o MPF apresentou denúncia à Justiça Federal no Paraná contra Bumlai e mais dez investigados na Operação Passe Livre, a 21ª fase da Lava Jato. Entre os denunciados estão os ex-diretores da Petrobras Nestor Ceveró, Jorge Zelada e Eduardo Musa, empresários ligados à Construtora Schahin, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto e o lobista Fernando Soares, mais conhecido como Fernando Baiano. Todos responderão pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e gestão fraudulenta.
A Agência Brasil entrou em contato com a assessoria do PT, mas ainda não obteve retorno.