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Lava Jato

PF inclui alvos da Operação Sem Limites na lista da Interpol

O sueco Bo Hans Vilhelm Ljungberg, Rodrigo Garcia Berkowit e Luiz Eduardo Loureiro Andrade podem ser presos por polícias estrangeiras

5 dez 2018 - 16h55
(atualizado às 17h33)
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A Polícia Federal incluiu na lista de procurados da Interpol três alvos do suposto esquema de propinas milionárias na compra e venda de petróleo e derivados que tiveram prisão decretada na Operação Sem Limites, fase 57 da Lava Jato deflagrada nesta quarta-feira, 5. Com a inclusão dos nomes na Difusão Vermelha, o sueco Bo Hans Vilhelm Ljungberg, Rodrigo Garcia Berkowit e Luiz Eduardo Loureiro Andrade podem ser presos por polícias estrangeiras - os três têm prisão preventiva decretada pela 13.ª Vara Federal, em Curitiba.

Bo Hans é figura central nas investigações da nova fase da Lava Jato, que apura pagamentos milionários em propinas a funcionários da Petrobras em troca de vantagens na aquisição de derivados do petróleo. Na mira da força-tarefa - PF, Ministério Público Federal e Receita Federal - estão as gigantes do setor de petróleo e derivados Vitol, Trafigura e Glencore, com faturamento superior ao da estatal.

Envolvidos chegam à Superintendência da Polícia Federal, no Rio: a instituição deflagrou na manhã desta quarta-feira (5), a 57ª fase da operação Lava Jato, denominada Operação Sem Limites, que mira a corrupção no comércio de petróleo entre empresas estrangeiras e a Petrobras, e irregularidades na área de afretamento de navios. São alvos pessoas do Paraná e do Rio, onde a PF espera cumprir 25 mandados de busca e apreensão e 11 de prisão preventiva.
Envolvidos chegam à Superintendência da Polícia Federal, no Rio: a instituição deflagrou na manhã desta quarta-feira (5), a 57ª fase da operação Lava Jato, denominada Operação Sem Limites, que mira a corrupção no comércio de petróleo entre empresas estrangeiras e a Petrobras, e irregularidades na área de afretamento de navios. São alvos pessoas do Paraná e do Rio, onde a PF espera cumprir 25 mandados de busca e apreensão e 11 de prisão preventiva.
Foto: SEVERINO SILVA/AGÊNCIA O DIA / Estadão

Nos autos da operação, consta que Bo Hans teria retornado à Suécia após cair no radar das investigações da Lava Jato.

"A investigação revelou ao menos a existência de duas organizações criminosas compostas de agentes públicos da Petrobras, agentes privados consultores de empresas estrangeiras que negociavam com a estatal na área de trading, executivos de algumas empresas estrangeiras, representantes de empresas estrangeiras no Brasil, além de agentes particulares que auxiliavam na prática dos crimes", informa pedido de prisão e buscas feito pela PF.

"Evidenciou-se que a maior parte da comunicação dos grupos criminosos foi efetuada a partir de contas de e-mails, muitas das quais criadas com codinomes e pseudônimos para o fim de se impossibilitar a identificação dos reais usuários e dos graves crimes por eles perpetrados."

Os outros dois alvo de prisão preventiva, decretadas pela juíza federal Gabriela Hardt, dos processo da Lava Jato em Curitiba, são Rodrigo Garcia Berkowit, funcionário da Petrobras que estaria trabalhando em Houston, nos Estados Unidos, e o executivo Luiz Eduardo Loureiro Andrade, que atuaria nos negócios de compra e venda de petróleo representando empresas internacionais. Nas investigações, consta que ele também estaria nos Estados Unidos.

O delegado da PF, Filipe Hille Pace, da Lava Jato em Curitiba, afirmou que Berkowit é funcionário da ativa e trabalha na área em que teria praticado os crimes.

O alvo usava os codinomes "Bat, Batman, Morcego, Rod, Robson Santos" nos e-mails monitorados pela Lava Jato. Funcionário da área de Marketing e Comercialização da Petrobras, Berkowit seria "responsável por negociar diretamente com os representantes das empresas estrangeiras e também seus consultores sobre as compras e vendas de óleo combustível e derivados". "Recebedor de vultosos valores de propina, inclusive para outros agentes públicos", afirma a PF.

A operação apura o pagamento total de pelo menos US$ 31 milhões em propinas para funcionários da Petrobras, entre 2009 e 2014. Segundo a Lava Jato, os subornos beneficiavam funcionários da gerência executiva de Marketing e Comercialização, subordinada à diretoria de Abastecimento. As operações de trading e de locação que subsidiaram os esquemas de corrupção foram conduzidas pelo escritório da Petrobras em Houston, no Estado do Texas, EUA, e pelo centro de operações no Rio de Janeiro.

Representação de prisão e buscas da operação da PF revela que Andrade usava os codinomes "Ledu, Toger, Tigre e DAG" nas comunicações cifradas dos investigados, a maioria por e-mails. "A título de consultor de empresas estrangeiras, realizava a intermediação dos interesses de tais empresas junto à área de trading da Petrobrás", informa a PF, sobre o papel do procurado.

"Exercia função de líder dos agentes particulares envolvidos; possuía íntimo relacionamento com agentes públicos do esquema, dos quais recebia diversas informações privilegiadas; procedia à abertura de empresas offshores e contas; efetuava pagamentos de propina e rateio das comissões supervalorizadas obtidas nas negociações criminosas."

Foram presos Marcus Antônio Pacheco Alcoforado, ex-empregado da Petrobras e ex-gerente da área de marketing e comercialização, Carlos Henrique Nogueira Herz, operador de propina, Márcio Pinto de Magalhães, representante da Trafigura no Brasil, Gustavo Buffara Bueno, advogado, André Luiz dos Santos Pazza, funcionário do escritório de advocacia, e Paulo César Pereira Berkowitz, pai do funcionário da Petrobras Rodrigo Garcia Berkowitz.

Carlos Roberto Martins Barbosa, ex-gerente da Área de Marketing e Comercialização da Petrobras, não foi preso "por circunstância excepcionais". O executivo está internado há 3 dias em um hospital no Rio. A juíza Gabriela Hardt autorizou, após apresentação de laudo médico, que o mandado não seja cumprido enquanto se mantiver o quadro clínico.

Defesas

A reportagem está tentando contato com as defesas dos citados, mas ainda não obteve retorno.

Número de gestores públicos envolvidos em corrupção é aumenta:
Estadão
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