PF não vê menção a sítio de Atibaia em sistemas da Odebrecht
Em laudo juntado hoje (16) ao processo contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, referente às obras no sítio de Atibaia, no interior de São Paulo, a Polícia Federal (PF) diz não ter encontrado menções ao imóvel nos sistemas usados pela Odebrecht para gerenciar o pagamento de propinas.
De acordo com o laudo, foram analisados 11 discos rígidos e dois pendrives que contêm os dados dos sistemas Drousys e MyWebDay, utilizados pelo Setor de Operações Estruturadas da empreiteira.
"Não foram encontradas, no contexto da ação penal, até a data de emissão deste laudo, nas pesquisas efetuadas no material examinado (Sistema Drousys e Sistema MyWebDay), documentos ou lançamentos que façam referências a termos tais como Atibaia, Sítio e Santa Bárbara", escreveram os peritos.
A PF, entretanto, diz ter encontrado uma planilha que supostamente registra os gastos do caixa 2 da empreiteira com reformas no sítio em Atibaia (SP) usado pelo ex-presidente. O documento foi anexado à ação penal em que Lula é réu por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
De acordo com a força-tarefa da Operação Lava-Jato, o sítio pertence ao ex-presidente Lula e as reformas foram custeadas como forma de repasse dissimulado de propina. Segundo os procuradores, o ex-presidente recebeu propina de R$ 1,02 milhão de Odebrecht, OAS e Schahin por meio de obras feitas no imóvel.
A acusação é baseada na delação premiada do engenheiro Emyr Diniz Costa Júnior que disse ter recebido R$ 700 mil para a compra de materiais e serviços relacionados à obra.
Costa Júnior entregou ao juiz Sérgio Moro uma planilha no mesmo valor, em novembro de 2017 e, segundo o engenheiro, o pagamento teria saído do departamento de propinas da empreiteira.
De acordo com o laudo, foram identificados dois pagamentos de R$ 300 mil e R$ 400 mil que totalizam os R$ 700 mil usados em Atibaia. Os valores, de acordo com os peritos, saíram da obra "UO011203 -AQUAPOLO".
A obra é a mesma cujo nome aparece nos documentos apresentados pelo engenheiro da Odebrecht à Justiça Federal no Paraná.
Para os peritos, os valores são oriundos de dinheiro de obras da Petrobras. A defesa do ex-presidente Lula nega que ele tenha recebido benefícios ou vantagens indevidas.