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Lava Jato

PF prende Nuzman, presidente do Comitê Olímpico do Brasil

5 out 2017 - 07h13
(atualizado às 09h03)
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A Polícia Federal prendeu na manhã desta quinta-feira (5) o presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Carlos Arthur Nuzman, em desdobramento de investigação sobre suspeita de compra de votos na eleição que escolheu o Rio de Janeiro como sede dos Jogos de 2016, informou a PF.

Além de Nuzman, o ex-diretor do COB e do Comitê Rio 2016 Leonardo Gryner também foi preso de forma temporária, acrescentou a PF em comunicado.

Presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e do Comitê Rio 2016, Carlos Arthur Nuzman (Foto de 5 de setembro)
Presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e do Comitê Rio 2016, Carlos Arthur Nuzman (Foto de 5 de setembro)
Foto: José Lucena/Futura Press

"Os presos serão indiciados por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa", disse a Polícia Federal.

Nuzman, de 75 anos, já havia sido alvo de mandado de busca e apreensão em sua casa no Rio de Janeiro e levado à PF para prestar depoimento no início de setembro em operação deflagrada pela PF e o Ministério Público Federal em parceria com a Procuradoria francesa.

As autoridades dizem que Nuzman foi o "agente responsável" por viabilizar repasse de propina do grupo criminoso do ex-governador Sérgio Cabral para a compra de votos de dirigentes africanos na eleição de 2009 do Comitê Olímpico Internacional (COI) para escolha da sede dos Jogos de 2016.

Nuzman, que também foi o presidente do Comitê Rio 2016, teve bens bloqueados pela Justiça Federal e fora proibido de sair do país até a conclusão das investigações da chamada operação Unfair Play, que resultou em bloqueio de ativos de suspeitos no total de 1 bilhão de reais.

Segundo a Polícia Federal e o Ministério Público Federal, a organização criminosa liderada por Cabral, que está preso desde o ano passado no âmbito da Lava Jato, comprou o voto do então presidente da Federação Internacional de Atletismo (Iaaf), Lamine Diack, por 2 milhões de dólares, apenas três dias antes da votação de 2009.

O dinheiro teve origem no esquema de corrupção e propina em contratos de empresas prestadoras de serviços com o governo do Rio de Janeiro, pelo qual Cabral recebeu mais de 100 milhões de dólares em propina, de acordo com o MPF.

Nuzman, que é acusado de ter sido intermediário do pagamento, nega ter cometido irregularidade.

Em defesa por escrito entregue ao Tribunal Regional Federal da 2ª Região, advogados do dirigente disseram que a candidatura do Rio sagrou-se vencedora "por mérito próprio", e que Nuzman atuou apenas na qualidade de presidente do COB e no "estrito cumprimento de suas funções", sem o cometimento de qualquer ilegalidade.

Apesar de as investigações terem apontado até o momento pagamento direto a apenas um então membro do COI, outros eleitores da votação olímpica podem ter sido influenciados ou até mesmo recebido recursos por parte de Diack para também votar na candidatura do Rio, de acordo com o MPF.

Segundo os procuradores, o senegalês Diack era muito influente entre membros africanos do COI, que costumam votar em grupo e seguir sua orientação, o que indica que outros votos podem ter sido manipulados em consequência do esquema de corrupção.

O Rio foi eleito sede dos Jogos Olímpicos em uma votação em que derrotou Chicago, Tóquio e Madri. Na votação final, contra a cidade espanhola, a candidatura carioca obteve um triunfo com margem folgada, 66 a 32 votos.

Veja também:

 

Rio teria comprado voto em eleição olímpica com propina:
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