Veja as suspeitas sobre políticos envolvidos na Catilinárias
Por ordem do STF (Supremo Tribunal Federal), a Polícia Federal cumpre nesta terça-feira 53 mandados de busca e apreensão em um dos mais importantes desdobramentos da Operação Lava Jato. Batizada de Catilinárias, a operação tem como alvo ministros, senadores, um prefeito e o próprio presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, todos do PMDB.
Policiais foram a casas, escritórios e sedes de empresas dos investigados, que não são apenas políticos. Também estão na lista da PF pessoas sem mandato ligadas a Cunha. Confira a lista e o que levou a PF a investigá-los:
Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara dos Deputados
Cunha foi denunciado ao STF pela PGR (Procuradoria-Geral da República) por corrupção e lavagem de dinheiro. Suspeita-se de que ele tenha recebido US$ 5 milhões por contratos de aluguel de navios-sonda pela Petrobras, entre junho de 2006 e outubro de 2012. A Corte ainda não sinalizou se aceitará ou não a denúncia.
O peemedebista também é alvo de um inquérito em razão de quatro contas na Suíça atribuídas ele. O Ministério Público suíço enviou à PGR documentação que comprova a existência das contas de Cunha no exterior.
Além de negar ter participação no esquema de corrupção investigado pela Lava Jato, o presidente da Casa afirma não ser titular de contas no exterior, mas sim "usufrutuário" delas.
Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), ministro do Turismo e ex-presidente da Câmara dos Deputados
Durante delação premiada, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa afirmou que Alves teria ido duas vezes à sede da Petrobras para pedir a viabilização da construção de uma unidade de calcificação de petróleo em São Bernardo do Campo (Grande São Paulo). Além disso, Costa pontuou que Alves participou da reunião na casa do presidente do Senado, Renan Calheiros, para tratar da permanência do ex-diretor na estatal
Na ocasião da delação, o Ministério Público Federal entendeu que não havia indícios suficientes para a abertura de inquérito para investigá-lo. O parlamentar negou envolvimento.
Celso Pansera (PMDB-RJ), ministro de Ciência e Tecnologia
Durante as investigações da Lava Jato, Pansera foi acusado pelo doleiro Alberto Youssef de ser "pau mandado" de Cunha na CPI da Petrobras. Em depoimento à Justiça, o doleiro afirmou que se sentia pressionado por um dos integrantes da comissão. O ministro de Ciência e Tecnologia, que na época era apenas deputado federal, justificou que mantém contato com Cunha por serem do mesmo partido, mas não por ser subordinado ao presidente da Casa.
Pansera se tornou ministro na última reforma promovida por Dilma Rousseff, em outubro, quando o PMDB ganhou mais pastas em um sinal de trégua do Executivo.
Edison Lobão (PMDB-MA), senador e ex-ministro de Minas e Energia entre 2008 e 2014
Lobão teria recebido R$ 1 milhão do dono da construtora UTC, Ricardo Pessoa, enquanto comandava o ministério de Minas e Energia. Em delação premiada, o empreiteiro disse que procurou Lobão para pedir que houvesse ingerência política em favor dos interesses do consórcio responsável pelas obras da usina nuclear Angra 3. A UTC faz parte do consórcio reponsável pela obra. Na época, a defesa do parlamentar sinalizou que Pessoa não apresentou provas e que seus depoimentos não tinham respaldo jurídico.
Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE), senador
O sanador Fernando Bezerra é alvo de dois inquéritos no STF, sendo um deles relacionado à Lava Jato. Na delação premiada de Paulo Roberto Costa, o parlamentar foi citado por ter pedido ao doleiro Alberto Youssef R$ 20 milhões em 2010 para a campanha de Eduardo Campos (PSB) à reeleição ao governo de Pernambuco. Na ocasião, Bezerra ocupava o cargo de secretário de Desenvolvimento do Estado.
A outra suspeita que recai sobre Bezerra é a de um suposto envolvimento em esquema de fraude a licitação, lavagem de dinheiro, tráfico de influência e corrupção de autoridades federais. O caso corre em segredo no STF.
(Atualizada às 13h05)