Líder do governo enquadra PDT por votar contra ajuste fiscal
Partido que comanda Ministério do Trabalho votou contra medida que muda regra de acesso ao seguro-desemprego
O líder do governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT-CE), disse nesta quinta-feira que a base aliada ficou “incomodada” com a postura do PDT por votar fechado contra a medida provisória 665, que muda regras de acesso ao seguro desemprego e ao abono salarial. O petista disse que o governo terá de avaliar a situação do partido que comanda o Ministério do Trabalho.
“A base ficou muito incomodada. Evidentemente que todos os líderes da base falaram que não é possível um partido da base subir à tribuna para criticar os demais partidos da base naquilo que eles estão votando com o governo. Caberá o governo avaliar esse processo todo”, disse Guimarães, após comemorar a vitória do governo com a aprovação da MP.
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A bancada do partido trabalhista decidiu nesta semana fechar questão contra as duas medidas provisórias, as MPs 665 e 664. A primeira recebeu voto não de todos os deputados da legenda presentes à sessão, já a 664 só deve começar a ser discutida em plenário na semana que vem.
Para Guimarães, cabe ao governo observar se a bancada mude de posição, sem dar sinais do que poderá ser feito com o espaço da legenda no Executivo.
“Não me cabe dizer qual o futuro da bancada do PDT. O que me cabe a dizer é: base é base. Tem que ser base de manhã, tarde e noite. Nós temos, no governo, muito ônus, das matérias que desgastam, mas tomos muito bônus político, para o governo reconhecer o que nós fizemos aqui. Portanto, eu não acho bom uma bancada, mas, enfim, aconteceu. Vamos ver se recompõe”, disse.
Ontem, o líder do partido, André Figueiredo (CE), disse em plenário que os princípios do partido superam os cargos no Executivo. "Se quiserem que sejam entregues quaisquer funções que nós ocupamos na Esplanada dos Ministérios, entregaremos de bom grado. Mas por conta de trair nossos princípios, nunca! O PDT é Brizola! O PDT é Brasil!", discursou, em lembrança ao fundador da legenda, o ex-governador Leonel Brizola.
Não é a primeira vez que o PDT causa dor de cabeças ao Palácio do Planalto. Na derrota do PT na eleição para presidente da Câmara, o partido não conseguiu assinaturas a tempo para entrar no bloco de apoio ao partido de Dilma Rousseff na Casa, prejudicando a legenda. Recentemente, declarações do presidente da sigla, Carlos Lupi, em um encontro com correligionários foram a público a causaram mal-estar. “A gente não acha que o PDT inventou a corrupção, mas roubam demais”, disse o ex-ministro.
Ausentes do PT
Apesar das críticas ao PDT, Guimarães minimizou os nove petistas que se ausentaram na votação do texto principal da MP, além de um voto contrário. Em uma reunião com o (vice-presidente) MIchel Temer, foi feito um balanço de cada bancada. O líder do PT disse que garantia de 50 a 55 votos", disse. No partido de Dilma Rousseff, 55 dos 64 deputados foram à votação - e 54 foram favoráveis à MP 665.